Filmes sobre exorcismos estão entre as produções mais famosas e assustadoras do gênero do terror. Eu mesmo levei anos para assistir O Exorcista pois morria de medo. O mais novo longa desse estilo é O Exorcista do Papa, estrelando Russell Crowe como Gabriele Amorth, um famoso exorcista do vaticano que realmente existiu.
Eu já devia saber da enrascada em que estava entrando quando soube que o filme se tratava desse padre exorcista. Um dos piores documentários que vi na vida foi justamente O Diabo e o Padre Amorth, uma obra completamente exagerada, desinteressante e mentirosa do diretor William Friedkin, que dirigiu o clássico O Exorcista. Com isso em mente, tentei dar uma colher de chá para O Exorcista do Papa, pois é uma obra de ficção somente inspirada nos textos “reais” de Amorth, só que meu ceticismo exagerado não deixou passar que este é um filme cheio de más atuações e cenas vergonhosas, numa bagunça de roteiro que não sabe se quer ser sério ou galhofa.
As únicas coisas boas no filme são a atuação e a personalidade de Russell Crowe como Padre Amorth. O personagem é cheio de piadinhas, vive bebendo uísque e é tratado como um super-herói. O longa é cheio de clichês de filmes sobre exorcismo e não passa sensação de medo alguma. Ele tem uma séria dificuldade em encontrar um tom correto, misturando terror, comédia e aventura no melhor estilo “Sessão da Tarde”. Essa combinação poderia render algo legal se houvesse um bom roteiro e uma boa direção, mas aqui é somente uma paródia ruim do programa Saturday Night Live.
Como se o menino possuído com cara de “Gollum” e outros problemas do filme já não fossem suficientes, o roteiro ainda tem elementos superquestionáveis. Sem entrar em spoilers, em certo momento, a história mostra que algumas das maiores atrocidades que a Igreja Católica cometeu durante os séculos foram, na verdade, culpa do demônio que estava infiltrado na instituição. Esse tipo de comentário em um filme supostamente inspirado em textos reais é de uma irresponsabilidade que quase me fez levantar da cadeira do cinema (mas isso é outra discussão). O filme pontua sobre se possessão não é, na verdade, só uma questão de doença mental, mas faz isso de forma irresponsável.
O Exorcista do Papa é um dos piores filmes do ano (até agora). Uma bagunça de roteiro que pega o pior dos gêneros terror, comédia, aventura e até mesmo super-herói. Nem passa medo, não empolga e me deu uma sensação desagradável de vergonha alheia. Como o diabo age das formas mais asquerosas, o final do longa cava uma franquia e já possui uma continuação engatada. Vade Retro Satana.