Publicado pela Leya, O Dragão de Gelo é saudoso conto de George R. R. Martin avulso ao mundo de As Crônicas de Gelo e Fogo
Estamos quase em 2017, às vésperas (esperamos) do lançamento do sexto livro de As Crônicas de Gelo e Fogo, e tudo lançado com o nome de George R. R. Martin possui grande potencial mercadológico. O mesmo pode ser dito a respeito de suas obras que precederam a saga de Jon Snow, Daenerys e Tyrion, como é o caso de O Dragão de Gelo, publicado pela Editora LeYa em 2014 no Brasil, mas com lançamento original em 1980.
Sinopse: O dragão de gelo era uma criatura lendária e temida, pois nenhum homem jamais havia domado um. Quando sobrevoava o mundo, deixava um rastro de frio desolador e terras congeladas. Mas Adara não tinha medo. Pois Adara era uma criança do inverno, nascida durante o frio mais intenso de que alguém tinha memória. Adara não se lembrava de quando viu o dragão de gelo pela primeira vez. Parecia que a criatura sempre estivera em sua vida, avistada de longe enquanto ela brincava na neve gelada durante muito tempo depois de as outras crianças terem fugido do frio. Aos quatro anos ela o tocou, e aos cinco montou no dorso imenso e gelado do dragão pela primeira vez. Então, aos sete anos, em um dia calmo de verão, dragões de fogo vindos do norte desceram sobre a fazenda pacífica que era o lar de Adara. E apenas uma criança do inverno – e o dragão de gelo que a amava – poderiam salvar o seu mundo da completa destruição.
O Dragão de Gelo é de leitura fácil e rápida, algumas horas no máximo mesmo pra quem não costuma ler com ligeireza (afinal, é uma história infantil).
Não significa, porém, que há inocência nas palavras de George R. R. Martin. Podemos observar desde então a habilidade do autor em transitar pela fina camada divisória do que julgamos ser o bem e o mal, preto e branco ou gelo e fogo. Adara possui diversos atributos sentimentais não necessariamente ligados à tristeza, apesar disso ser o aparente. Essa abordagem se estende a praticamente todas as outras figuras da história, como seu pai, o tio Hal e seus irmãos. O desfecho é a parte mais fraca de O Dragão de Gelo, onde (spoilers adiante) onde caberia perfeitamente uma despedida mais sentimental entre Adara e o dragão de gelo, não só por necessidade emotiva mas também por justiça narrativa. A frieza de George R. R. Martin já vêm dessa época então.
A edição da LeYa consegue ser enxertada o suficiente para não decepcionar e tomar lugar de caça-níquel. As fontes estão grandes até o aceitável, e há diversos desenhos de Luis Royo que dão um charme à parte. Pode desagradar quem espera por muito mais conteúdo textual, no entanto.
Infelizmente, o viés embrionário de O Dragão de Gelo não permitiu à obra fazer parte do tão famoso universo de As Crônicas de Gelo e Fogo, saga responsável pela vasta fama de George R. R. Martin no mundo inteiro. Ainda assim, diversas semelhanças podem ser traçadas como a abordagem dos personagens e os próprios dragões utilizados, além de alimentar teorias para o desfecho de Game oh Thrones. Independente disso, você terminará o livro querendo dar um abraço em Adara.