A Netflix precisa crescer o seu catálogo de filmes e, por isso, está investindo em muitas empreitadas independentes. Uma das mais novas aquisições é o suspense O Declínio, um filme canadense tenso e com ideias interessantes. Confira nossa crítica sem spoilers.
O filme mostra um retiro (?) ou curso de sobrevivência para um bando de malucos conspiratórios que acham que a sociedade vai entrar em declínio a qualquer momento, seja por falta de comida, crise econômica ou desastres naturais. Imagina um bando de bolsominions juntos e isolados no meio da neve e cheios de armas, explosivos e pilha errada. É claro que ia dar merd***.
O longa inicia com um clima leve, com um pouco de suspense. Mas, aos poucos, você vai percebendo os conflitos crescerem e do nada a situação degringola. Quando existe essa virada de roteiro, a narrativa mostra quem dali estava realmente preparado para uma situação extrema, quem são os covardes e quem tem um bom coração. Da metade para o final o filme vira um slasher com algumas ideias interessantes e outras meio clichê.
A fotografia do longa é um dos seus pontos fortes, em diversos momentos a câmera passeia pelo cenário para nos mostrar o que é importante. Ao mesmo tempo, ela esconde algumas coisas propositalmente para nos deixar tensos, sem saber o que tem ali. O uso de belas imagens das florestas do Canadá também consegue trazer essa ideia de isolamento e fuga da realidade do mundo real.
A ação do filme consegue ser bem realista, tanto nas cenas de tiroteio como nas lutas corpo-a-corpo. Não existe uma violência estilizada nem glamourizada aqui, ela é crua como deve ser. Isso vai de contra totalmente à mentalidade de alguns personagens que anseiam pelo momento de pós-apocalipse para “testar suas habilidades”. Uma bela lição para aqueles que apoiam a liberação do uso de armas ou torcem, mesmo que de brincadeira, para que haja um apocalipse zumbi. Quando a merd*** bate no ventilador, é cada um por si e somente os mais preparados vão sobreviver.
Como a maioria dos slashers, os personagens aqui são mal desenvolvidos. Somente o instrutor do curso, vivido por Réal Bossé, que traz uma dualidade interessante. O Declínio é um bom filme, com uma ideia inovadora, mas que a executa sem trazer muitas soluções novas. Um bom suspense bastante tenso para assistir durante essa quarentena. Vamos aguardar para que a Netflix continue investindo em filmes independentes que não são de língua inglesa.