O Cuco de Cristal (El cuco de cristal) é a nova aposta espanhola da Netflix em thrillers policiais. Com apenas seis episódios, a minissérie adapta o romance de Javier Castillo — o mesmo autor de A Menina da Neve — e constrói um suspense que atravessa décadas de segredos, desaparecimentos e revelações sombrias em uma pequena cidade do interior.
O Cuco de Cristal
Uma trama que começa com um coração e termina em mistério
A história acompanha Clara Merlo, vivida por Catalina Sopelana. Médica residente do primeiro ano, ela sofre uma parada cardíaca repentina logo no início da série. Depois de um mês internada e mantida viva por aparelhos, desperta com um novo coração — doado por Carlos, um jovem da remota cidade de Yesques.
Sem recorrer a elementos sobrenaturais que costumam acompanhar narrativas de transplantes no audiovisual, a minissérie transforma o interesse de Clara pelo doador em ponto de partida para um suspense policial. Ao investigar a vida de Carlos, ela descobre que ele morreu em meio a uma comunidade marcada por desaparecimentos sucessivos ao longo de 30 anos.
Determinada a entender quem foi Carlos e o que aconteceu com sua família, Clara decide viajar até Yesques. Lá, passa a conviver com a mãe dele, Marta, ainda abalada pela morte do filho e pelo desaparecimento do marido, Miguel Ferrer, ocorrido décadas antes — mais um caso sem solução na cidade.
A cidade onde nada é o que parece
Yesques é apresentada como um vilarejo aparentemente pacífico, mas que carrega um histórico de tragédias. O pai de Carlos, Miguel, era policial e investigava o desaparecimento da própria irmã quando sumiu. O acúmulo de casos não resolvidos levanta a suspeita de que um padrão conecta todos os crimes — algo que Carlos estava perto de descobrir antes de morrer.
A narrativa alterna entre presente e passado, revelando peças importantes do quebra-cabeça ao explorar períodos com 20 anos de diferença. O quinto episódio funciona como um marco estrutural: ressignifica pistas e reposiciona o espectador diante de tudo o que parecia entendido até então.
Thriller policial com camadas e símbolos
A chegada de Clara coincide com um novo desaparecimento na cidade, o décimo primeiro em três décadas. À medida que mergulha nos hábitos da comunidade, ela passa a presenciar rituais e celebrações que remetem a tradições locais — alguns deles retratados no trailer com atmosfera reminiscentes de O Homem de Palha. Essas práticas ajudam a moldar a sensação de que a cidade convive com códigos próprios, reforçando a tensão crescente do roteiro.
Com o avanço dos episódios, o mistério que envolve Carlos, Miguel e os demais desaparecidos ganha contornos mais amplos, revelando a existência de um serial killer cuja atuação atravessou gerações. Todos os elementos da investigação convergem para um desfecho que conecta Clara diretamente ao passado e ao ciclo de violência que dominou Yesques.
Direção, elenco e produção da série espanhola
Criada por Jesús Mesas e Javier Andrés Roig, que já haviam adaptado A Menina da Neve, O Cuco de Cristal aposta em uma estrutura de investigação clássica, marcada por flashbacks, pistas falsas e reviravoltas. A direção de Laura Alvea e Juan Miguel del Castillo mantém a narrativa compacta, utilizando os seis episódios para revelar progressivamente os mistérios centrais.
O elenco reúne rostos conhecidos do audiovisual espanhol, como Itziar Ituño (La Casa de Papel), Álex García, Iván Massagué (O Poço) e Alfons Nieto.

Crítica de O Cuco de Cristal
Uma nova aposta da Netflix no suspense espanhol
A adaptação chega à plataforma com forte expectativa dos fãs de Javier Castillo, que vêm acompanhando suas obras ganharem espaço no streaming. Desde o lançamento do trailer, espectadores destacam o clima de mistério e a abordagem de temas como trauma, memória e violência contínua.
Com estrutura enxuta e foco no impacto emocional da investigação, O Cuco de Cristal se consolida como mais um representante do thriller espanhol contemporâneo na Netflix, explorando os segredos de uma comunidade marcada por perdas sucessivas — e uma protagonista disposta a enfrentar o passado para compreender a própria história.