Pacific Rim Pacific Rim

O conturbado renascimento de Círculo de Fogo

Guillermo Del Toro é um cara que possui um talento incrível, mas que carrega consigo uma grande dose de azar. Vez ou outra surgem notícias de projetos em que ele estaria envolvido, mas que acabaram sendo cancelados prematuramente. Também ocorre dos estúdios nem sempre confiarem no trabalho do cara. O que é uma enorme pena, já que uma mente como a dele não se encontra todos os dias em Hollywood. Mas ele também tem seus dias de sorte e consegue levar seus sonhos para as telonas.

Círculo de Fogo é um desses sonhos. E mesmo que não seja o melhor trabalho de Del Toro, é certamente um dos que ele mais se empenhou. A pesquisa, o cuidado, sua visão única e paixão pela cultura dos mechas e kaijus foram essenciais para o resultado final. Ainda sim, mesmo com robôs gigantes socando monstros gigantes, o desempenho não foi o esperado pelo estúdio. E aí o azar voltou a assombrar Guillermo.

Tudo bem que era uma situação que fugia do controle do diretor e que tinha a Legendary, Universal e a Warner envolvidas. A confusão surgiu entre a empresa do famigerado Thomas Tull e o Universal Studios, por volta do ano passado. Mesmo que a parceria entre ambas as empresas fosse lucrativa, algumas atitudes do dono da Legendary acabaram irritando o pessoal da Universal. Sendo assim, eles decidiram não investir em Kong: Skull Island, novo filme do gorilão. Foi aí que Tull voltou seus olhos gananciosos para a Warner Bros, uma antiga parceira.

A parceria – bem limitada – com o estúdio dos Irmãos Warner vai levar para os cinemas Kong: Skull Island, Godzilla 2 e o épico Kink Kong vs Godzilla. Depois disso, cada um para o seu lado. Mesmo que a Universal tenha feito um filme recente com o Kong (aquele do Peter Jackson), o personagem é de domínio público, o que deixa o estúdio sem nenhum poder. Como a função básica da Legendary é pegar dinheiro de investidores e aplicar em filmes com potencial de lucro, é natural que a empresa caminhe entre os estúdios. As parcerias com Warner e Universal já renderam filmes como Batman Begins, A Origem, Jurassic World e os últimos trabalhos de Del Toro: Círculo de Fogo e A Colina Escarlate.

21016018_20130627113000224

E onde Círculo de Fogo entra nessa guerra de cifras? Bem, o filme foi lançado no antigo acordo entre Warner Bros. e Legendary. E por conta de toda essa briga, a sequência acabou sendo adiada por tempo indeterminado. Aliás, Thomas Tull e seus amigos eram um dos grandes interessados em Círculo de Fogo 2. O primeiro filme foi bem na China e a Legendary possuí investidores chineses. Por esses motivos, poucas pessoas ficaram surpresas quando a empresa foi comprada pela chinesa Dalian Wanda Group, em um negócio bilionário.

Então, depois de previsões pessimistas e algumas incertezas, Círculo de Fogo 2 finalmente ganhou data de estreia: 23 de fevereiro de 2018. Uma grande vitória para Guillermo Del Toro, que já sofreu duras derrotas nas lutas para levar seus projetos adiante (Hellboy 3 que o diga). Só que ainda que os fãs do filme tenham se animado com isso, existe algo que gera uma pulga atrás da orelha. Del Toro não vai dirigir a sequência.

Ok, ele vai ser o produtor do longa. Mas sabemos que são duas funções bem distintas em termos de poder. Em seu lugar entra Steven S. DeKnight, que você deve conhecer como criador de Spartacus e showrunner da primeira temporada de Demolidor. Esse será seu primeiro projeto de diretor em Hollywood. Del Toro chegou a trabalhar na primeira versão do roteiro ao lado de Zack Penn e John Spaihts (do vindouro Doutor Estranho). Mas a história final será escrita por Derek Connolly (Jurassic World, Kong: Skull Island e Star Wars: Episódio IX).

rinko

Não é possível afirmar se todas as ideias de Guillermo Del Toro serão aproveitadas em Círculo de Fogo 2, mas uma em especial precisa acontecer. Tempos atrás ele conversou com Maisie Williams, ou Arya Stark para os mais chegados, e prometeu que ela pilotaria um Jaeger no filme. Isso mesmo, Arya dentro de um Jaeger descendo o cacete em monstros gigantes. Só essa frase já vale um ingresso.

Quem sabe todo esse martírio pelo qual Círculo de Fogo 2 passou não seja um sinal que as coisas estão mudando para Guillermo Del Toro. Fica a torcida para que ele e seus projetos tenham um pouco mais de sorte no futuro.