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O Agente Noturno – 1ª Temporada

O gênero suspense político é um dos mais saturados da indústria do cinema/TV no mundo todo, mas é sempre bom quando nos deparamos com produções como O Agente Noturno, recém-chegado no (também saturado) catálogo da Netflix, que traz ares de de nostalgia e novidade através do seu elenco.

A série acompanha Peter Sutherland (Gabriel Basso) um agente de baixo escalão do FBI que trabalha no porão da Casa Branca, a postos para atender um telefone que nunca toca. Até que um dia, ele recebe uma ligação que acaba revelando uma perigosa conspiração contra o governo dos Estados Unidos.

A ideia de ter um protagonista íntegro, mas desprestigiado por injustiças da vida contribui para que o espectador crie vínculos com O Agente Noturno logo de cara. Claro que pra isso não basta apenas traçar o perfil do personagem, e é nesse ponto que Gabriel Basso se destaca não pela suas qualidades (ainda em desenvolvimento) como ator, mas por se encaixar muito bem no papel.

O Agente Noturno ou um “novo” 24 Horas?

Logo de cara, fica evidente que esta série possui bons atributos, principalmente se observarmos os nomes da produção como o showrunner Shawn Ryan (um dos criadores da série de sucesso S.W.A.T.) e diretores como Guy Ferland (Tulsa King, Yellowstone, S.W.A.T.) e outros nomes que se destacam principalmente por levar a diante um conceito televisivo pré-estabelecido.

Isso me permitiu a lembrança dos tempos em que o DVD era a principal mídia quando o assunto era maratonas, e meu seriado favorito dentro do gênero era 24 Horas. Além das semelhanças dentro do roteiro (a conspiração envolvendo o governo dos EUA e a vida social do protagonista em decadência), temos curiosamente um personagem principal com o mesmo sobrenome do ator de Jack Bauer (Sutherland), além de um coadjuvante de longa data da antiga série: D.B. Woodside, interpretando o agente Monks.

Para além do elenco, o embate entre o novo e o velho está presente em diversas esferas de O Agente Noturno. O próprio Monks precisa superar a figura heroica que se tornou para continuar empregado, enquanto a filha do vice presidente dos EUA, Maddie (Sarah Desjardins), está no dilema entre ter uma vida e lidar com a tóxica presença (ainda que eventual) do pai. Isso tudo sem mencionar o complexo de Édipo mal resolvido vivido pelo próprio protagonista, Peter, que vive à sombra da injustiças que (aparentemente) seu pai sofreu como agente do FBI, mesmo sendo uma pessoa devota à instituição.

Luciane Buchanan, que vive Rose Larkin, a outra protagonista do enredo, consegue se destacar bem também, mesmo que acabe caindo no utilitarismo que a série promove com quase todos os seus personagens. A atriz possui carisma e um ponto interessante é a progressão de sua personalidade dentro da situação caótica na qual ela passa a se encontrar. De quebra, o par romântico (com alguma dose de breguice) formado por Peter e Rose consegue não incomodar tanto.

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Uma boa maratona na Netflix, mas com ressalvas

Levando em conta a prática da maratona, posso dizer que O Agente Noturno tem altos e baixos dentro do formato, se sustentando principalmente pelo carisma dos seus personagens, mas minimamente bem dosado com cenas de ação. Por não se tratar de uma série procedural (na qual cada episódio apresenta e resolve um determinado problema, no estilo S.W.A.T.) acaba batendo inicialmente uma sensação de marasmo a ponto de nos perguntarmos se realmente precisavam de dez episódios, até que os desmembramentos da trama passam a se unir numa narrativa mais centralizada.

Um mérito, desse modo, é conseguir entreter bem os espectadores oferecendo alguma profundidade para os personagens – sem que o roteiro soe pretensioso ou demasiadamente didático. Flashbacks pontuais, diálogos rápidos e decisões corretas no texto permitem que do terceiro ou quarto episódio em diante a experiência (maratona) se torne muito mais fluida.

O Agente Noturno é uma boa opção na Netflix, tanto pra quem busca um bom thriller lançado atualmente, quanto para aqueles que estão com o coração vibrando na nostalgia.