Nossa Cidade (2025) - Crítica, fatos e curiosidades da série turca da Netflix Nossa Cidade (2025) - Crítica, fatos e curiosidades da série turca da Netflix

Nossa Cidade (2025) | Crítica da Série | Netflix

Recém-adicionada ao catálogo da Netflix, Nossa Cidade (The Town) é uma série turca que se apoia em um dos motores narrativos mais recorrentes do suspense: a descoberta acidental de uma grande quantia de dinheiro. O recurso, já explorado em filmes e séries como Fargo, Onde os Fracos Não Têm Vez e Um Plano Simples, volta a ser utilizado aqui como ponto de partida para discutir escolhas, consequências e limites éticos. Ao longo de oito episódios, a produção constrói uma trama de tensão crescente, ainda que nem sempre consiga aprofundar seus personagens e conflitos da forma esperada. Leia a crítica:

A história acompanha Efe, Ahmet, Selim e Begum, moradores de uma pequena cidade que se veem diante de uma decisão capaz de mudar suas vidas. Tudo começa quando eles encontram um carro abandonado com dois corpos e, no porta-malas, um baú cheio de dinheiro. A intenção inicial de chamar a polícia é rapidamente descartada após a descoberta, abrindo espaço para divergências dentro do grupo. Enquanto Selim sugere levar apenas uma parte, Efe defende ficar com tudo, convencido de que pode lidar com as consequências.

O contexto financeiro difícil dos personagens ajuda a justificar a escolha arriscada. Todos enfrentam perdas recentes, frustrações pessoais e a sensação de estagnação. No entanto, a partir do momento em que o dinheiro muda de mãos, a narrativa deixa claro que não se trata apenas de uma oportunidade inesperada, mas de uma armadilha. Criminosos começam a aparecer, a ameaça se intensifica e fica evidente que o dinheiro pertence a uma organização mafiosa. Para piorar, a série sugere conexões entre a polícia local e o crime, eliminando qualquer possibilidade de ajuda institucional.

Um dos méritos de Nossa Cidade está na ambientação. O cenário de cidade pequena funciona como um elemento narrativo importante, reforçando a ideia de comunidade, proximidade e vigilância constante. As escolhas de Efe e seus amigos não afetam apenas o grupo, mas reverberam em toda a população local. A série explora bem esse efeito dominó, mostrando como decisões individuais podem gerar impactos coletivos difíceis de conter.

No centro da trama está o dilema moral: até onde vale a pena ir por dinheiro? Ao longo dos episódios, os personagens passam a questionar se a recompensa justifica o sofrimento, as perdas e a escalada da violência. Em determinado ponto, o dinheiro deixa de ser o objetivo principal, mas a situação já se tornou irreversível. A sensação de aprisionamento é um dos sentimentos mais bem trabalhados pela série, reforçada pelo ritmo ágil dos episódios, que variam entre 30 e 40 minutos.

Por outro lado, Nossa Cidade encontra dificuldades no desenvolvimento de seus personagens. Efe, o protagonista, é retratado como alguém movido por culpa e por um impulso constante de “consertar” tudo ao seu redor. Embora a série tente contextualizar esse comportamento com elementos do passado, essas informações surgem de forma superficial, sem gerar o impacto emocional necessário. O mesmo acontece com subtramas importantes, como a morte do irmão de Efe, que poderia aprofundar o personagem, mas acaba pouco explorada.

Nossa Cidade (2025) - Crítica, fatos e curiosidades da série turca da Netflix

Os coadjuvantes também sofrem com a falta de camadas. Ahmet, por exemplo, tem momentos de leveza e carisma, mas permanece pouco desenvolvido. A impressão é de que a narrativa segue um caminho bastante definido desde o início, e muitos acontecimentos intermediários parecem apressados ou mal articulados.

Em termos de atuação, Okan Yalabik se destaca ao dar vida a Efe, transmitindo com clareza o conflito interno do personagem. O restante do elenco cumpre bem seu papel, sustentando a tensão proposta pela trama.

Crítica: vale à pena assistir Nossa Cidade na Netflix?

Série turca acerta na tensão

No balanço geral, Nossa Cidade é uma série que deve agradar fãs de dramas de suspense interessados em histórias sobre escolhas morais e consequências inevitáveis. Apesar do potencial e de uma premissa eficiente, a produção acerta mais na atmosfera e na tensão do que na construção emocional de seus personagens.