Nerve: Um Jogo sem Regras | REVIEW

Um dos prazeres recentes da cultura pop é criticar a maneira como as pessoas se relacionam com a internet. Filmes e séries usam esse tema como pano de fundo para tentar passar uma mensagem de conscientização, alguns bem mais diretos do que outros. Em foco, geralmente, estão os adolescentes e suas práticas diárias de postar fotos, vídeos e todo o tipo de material nas redes sociais. Tudo isso está disponível para quem quiser ver, por baixo de uma falsa promessa de segurança. É nesse cenário que Nerve: Um Jogo sem Regras se encaixa.

O longa é baseado na obra escrita por Jeanne Ryan, que teve seus direitos vendidos para a Lionsgate muito antes de ser lançado. Nerve é um jogo baseado na clássica brincadeira de Verdade ou Desafio, mas sem a parte da Verdade. As pessoas podem escolher se querem ser Observadoras ou Jogadoras. Os Observadores propõem os desafios e depositam o dinheiro que será recebido pelos Jogadores, mas apenas se conseguirem cumprir as tarefas cada vez mais insanas. É como um Big Brother de loucuras.

Vee (Emma Roberts) é uma adolescente comum, que está prestes a sair do ensino médio e entrar na faculdade. Caindo na pilha de seus amigos, que afirmam que ela é certinha demais e nunca sai de sua zona de conforto, decide participar do Nerve. É aí que ela conhece Ian (Dave Franco), um misterioso jogador. O dinheiro “fácil” e a fama instantânea fazem com que os dois acabem se envolvendo cada vez mais com o jogo. E isso tem suas consequências.

 

Emma e Dave possuem uma boa química, o que é crucial já que o filme gira em torno da relação dos dois. Não entregam atuações fora da curva, mas não comprometem quando são exigidos. A fotografia e a trilha sonora de Nerve são os grandes pontos positivos. Uma Nova York colorida por luzes neon e músicas eletrônicas é o cenário perfeito para o desenrolar do jogo. A direção de Henry Joost e Ariel Schulman (dupla responsável por Atividade Paranormal 3) é enérgica e sabe como utilizar os elementos da história. Alguns efeitos que surgem na tela ajudam a criar uma interação com o público, como mensagens de texto, conversas em vídeo e chats do Facebook. O que acaba dando uma maior dinâmica para a trama.

Os dois primeiros atos de Nerve são ótimos. Não apenas pela maneira de contar a história, mas pelas críticas que são mostradas. A busca desenfreada por fama, a divulgação de informações pessoais nas redes sociais, a cultura do reality show e de como as pessoas pagam e gostam de assistir alguém fazendo besteira. Ainda existem as doses de ação e um certo suspense que prende o público. Infelizmente a coisa sai de controle na parte final.

 

O último ato de Nerve é bastante problemático, o que acaba destruindo tudo que foi mostrado no início. Personagens pouco interessantes precisam assumir um papel decisivo e a saída encontrada para o problema acaba sendo genérica ao extremo. Tudo caminhava para uma mensagem impactante, mas o que restou foi um discurso bem piegas. Uma pena, já que o filme conversa com um público importante. Mesmo assim, Nerve é divertido. Não vai ser um desperdício de tempo, mas tinha potencial para ir além.