Na Teia da Aranha, dirigido por Lee Tamahori, baseia-se no romance de estreia da série Alex Cross de James Patterson. O filme, atualmente disponível na Netflix, regressa ao universo do detetive e psicólogo forense Alex Cross (Morgan Freeman), após Kiss the Girls (1997). O longa explora uma trama de sequestro que inicia sombria — não apenas pelo crime em si, mas por teias de desconfiança que se estendem a personagens que, em princípio, parecem aliados. Leia a nossa crítica:
Atmosfera sombria
A narrativa entra em cena quando Megan Rose, filha de uma senadora, é sequestrada de uma escola particular por Gary Soneji, que assume identidade falsa de professor para roubar informações do sistema escolar. A partir desse crime, Alex Cross é solicitado para entrar no caso junto à agente do Serviço Secreto Jezzie Flannigan (Monica Potter).
O enredo se desenvolve com pistas tecnológicas, gravações de vídeo transmitidas desde a escola, manipulação dos meios de comunicação, armadilhas psicológicas, e uma sequência de reviravoltas que apontam para motivações mais complexas do que simples resgate monetário ou notoriedade.
A atmosfera é sombria e opressiva, com ambientações que reforçam o suspense — salas de aula com câmeras, corredores discretos da escola, cenas noturnas, cenas dentro de embarcações ou locações isoladas. O diretor opta por uma abordagem procedural, às vezes próxima de thrillers legais ou policiais mais do que aventura ou ação pura. A ênfase recai na mente criminosa, no sentido de urgência, e nas consequências para todos os envolvidos.
O final surpreendente de Na Teia da Aranha
O clímax reserva revelações que alteram o entendimento do espectador sobre quem realmente estava manipulando os eventos. A partir de pistas sutis, Cross conclui que Soneji não exigiu resgate algum, o que indica que ele não era o autor material de todos os atos mostrados. Descobre-se que a agente Flannigan, ao longo do filme, colaborou secretamente com o colega Ben Devine para usar Soneji como instrumento de um plano de resgate falso. No confronto final, Flannigan escolhe matar Devine ao perceber que Cross percebeu sua participação.
A cena decisiva no celeiro remoto mostra Cross impedindo que Flannigan continue com seus planos, devolvendo a criança ao ambiente seguro dos pais. O suspense se sustentava sobre quem controlava quem, e as camadas de traição são o que tornam o desfecho inesperado.
Outras versões de Alex Cross
Alex Cross surgiu nos romances de James Patterson em 1992 com Along Came a Spider como primeiro livro da série. Nas adaptações cinematográficas, Morgan Freeman encarnou Cross em Kiss the Girls (1997) e Along Came a Spider (2001), enquanto no reboot Alex Cross (2012), o personagem foi interpretado por Tyler Perry.
Há atualmente uma série no Prime Video (Cross, 2024) estrelada por Aldis Hodge como Alex Cross, trazendo nova abordagem ao personagem e tentando reequilibrar fidelidade aos livros com formatos televisivos.
Cada versão traz diferença de tom, de ambiente e de complexidade narrativa, o que permite comparações interessantes sobre como Cross reage sob pressões distintas: sequestros, assassinatos pessoais, crimes psicóticos ou conflitos internos.
Pontos fortes e fragilidades do filme
Entre os pontos fortes destacam-se o desempenho de Morgan Freeman, que imprime autoridade ao personagem, especialmente nas cenas de investigação meticulosa; a capacidade de manter tensão até perto do fim; e o uso das reviravoltas para enganar expectativas. A trilha sonora, fotografia e montagem se alinham para sustentar o ritmo de suspense.
Por outro lado, aparecem críticas relativas a lacunas de lógica no enredo, plausibilidade de certas derivas (por exemplo, identidade falsa de Soneji mantendo companheiros de trabalho enganados por muito tempo), e elementos de conveniência narrativa usados para manter o mistério.
Crítica: Na Teia da Aranha (2001) é um bom filme de Alex Cross?
Na Teia da Aranha entrega um thriller psicológico com tensão constante e reviravoltas que desafiam o espectador a reavaliar personagens e motivações até o desfecho. A despeito de imperfeições, o filme cumpre seu propósito de envolver, provocar desconfiança e oferecer um final que redefine a história como um jogo de manipulações. Para fãs da literatura de James Patterson, para apreciadores de suspense e para quem segue as várias encarnações de Alex Cross, este longa permanece relevante. Ele mostra o custo emocional da investigação, os limites éticos de quem persegue a justiça e o papel da confiança nas relações pessoais e institucionais.