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Monster (2023) mostra que diferencial não garante boa história

Monster (2023), suspense/terror presente no catálogo da Netflix, possui uma ideia original bastante elogiável que é a de contar a sua história sem diálogo algum. Dito isso, é uma pena que o que há de bom no filme pare por aí mesmo.

A trama é bem simples e acompanha duas crianças, Alana (Anantya Kirana) e Rabin (Sultan Hamonangan), saindo da escola e indo brincar numa casa de jogos local, com direito a fliperama e outras atividades. O problema é que elas estão sendo seguidas sorrateiramente por um psicopata num carro de cor preta.

“Monster” possui potencial, mas…

Esse é mais um dos exemplos do poderio midiático da Netflix, que possui uma capacidade de, independentemente da qualidade do seu acervo, ter na lista de mais assistidos produções tão dignas de elogios quanto um comediante fazendo piada enquanto o Titanic afunda. “Monster” está lá, com seus cento e vinte minutos de zero diálogos e muita perseverança por parte de quem assiste até o final.

Não que o filme dirigido por Rako Prijanto não tenha virtudes. A base para o terror e suspense até que é bem posta no início, e a proposta de não ter diálogos a princípio parece promissora, como se o cineasta quisesse fazer um bom filme provando o seu ponto. O problema é mesmo é ele ter se esquecido da parte de entregar um bom filme.

Dentre as coisas elogiáveis estão a supracitada ausência de diálogos que, mesmo não aumentando a tensão como se deveria, ao menos impede aquelas conversas ridículas entre personagens para explicar coisas óbvias ao público. Aqui não: se o roteiro quer te mostrar alguma coisa, vai ser de fato mostrada, sem mastigar tudo para o espectador.

Outra virtude é a do elenco, que consegue se encaixar bem em seus papéis (especialmente as crianças), tendo assim extraída as boas atuações frente à imposição da ausência de falas.

O pior de “Monster” mesmo fica no fraco roteiro, que pretensiosamente se desfaz de um forte personagem para encaixar um outro sem tanto impacto na trama. Afinal, do que o público mais tem medo: de um assassino de crianças ou de sua namorada que até então não feriu ninguém? Vale apontar aqui uma leve referência ao clássico O Iluminado (1971), coisa que a combinação de uma porta + um machado pode oferecer.

Outras decisões tornam a experiência absurdamente frustrante. Logo no começo vemos uma das crianças com a chance de escapar, mas ela volta à casa pois a outra criança ainda está em cárcere. Ela poderia muito bem ter fugido e chamado as autoridades policiais ou qualquer outra ajuda. Aí você pode levantar a questão: mas ela não se encontra num local decrépito e ausente de qualidade de vida? A julgar pela casa, você até acha isso, mas posteriormente, em todas as vezes que a polícia foi acionada, as viaturas chegaram em pouquíssimo tempo!

Erros de continuidade nas cenas parecem brotar como ervas daninhas instantaneamente, até você perceber que caiu na armadilha de tentar assistir um péssimo filme até o final. Temos assim um longa que não trabalha bem os seus temas (violência infantil) e com decisões absolutamente questionáveis de roteiro. Recomendo passar longe.