Mestres do Universo: Revolução he-man Mestres do Universo: Revolução he-man

Mestres do Universo: Revolução e confusão familiar

Em Mestres do Universo: Salvando Eternia, Kevin Smith realizou com sucesso a missão de atualizar a figura de He-Man e seus amigos para uma nova geração. Para além da nostalgia e da venda de brinquedos, a nova animação mergulhou na mitologia do personagem e entregou uma história empolgante. O futuro parecia promissor para a franquia. Recém lançada pela Netflix, Mestres do Universo: A Revolução mantém boa parte da qualidade apresentada antes, ainda que derrape em pontos importes. Ao que parece, Smith ouviu o lado errado das reclamações sobre o protagonismo da série.

Continuando os eventos de Salvando Eternia, Teela (Melissa Benoist) assumiu oficialmente o manto de Feiticeira. Sua principal missão é restaurar Pretérnia para salvar as almas dos heróis caídos. Para isso, ela vai precisar da ajuda de poderes ancestrais. Do outro lado, He-Man/Príncipe Adam (Chris Wood) precisa equilibrar seu dever como campeão de Eternia e como governante. Tudo isso enquanto lida com seus sentimentos por Teela e o retorno de Esqueleto (Mark Hamill) agora trabalhando para a Placa Mãe (Meg Foster) e o temível Hordak (Keith David). O principal problema de A Revolução consiste em não conseguir condensar tantos núcleos, ideias e personagens em apenas cinco episódios. Logo, boa parte das resoluções são apressadas e sem muita profundidade.

Kevin Smith faz de Mestres do Universo: A Revolução uma grande expansão do universo da franquia, trazendo para a tela nomes como do Príncipe Keldor (William Shatner), que surge para movimentar a disputa pelo trono de Eternia, o dragão Granamyr (John De Lancie) e até mesmo Gwildor (Ted Biaselli) personagem criado para o live action estrelado por Dolph Lundgren em 1987. Ainda que os personagens tenham agência na trama, em diferentes níveis, ainda soa como referência para fãs antigos e claro, marketing para a venda de brinquedos. O que não seria um demérito se não atrapalhasse a progressão da história. Isso se reflete especialmente em He-Man.

A questão da morte do Rei Randor (Diedrich Bader) e a dúvida do príncipe Adam em se tornar o novo rei ou manter seu status como campeão do reino nunca é trabalhada de maneira aprofundada. O surgimento oportuno de Keldor parece a solução perfeita para esse dilema, com Adam entregando tudo de bandeja para o seu tio até então dado como morto. Para agradar aqueles que reclamaram que uma “série do He-Man tem pouco He-Man”, Kevin Smith mantém o personagem em tela praticamente todo tempo, mas agora transformado em um brucutu musculoso ingênuo. Mestres do Universo: A Revolução perde muito do seu brilho quando se aproxima demais da versão original.

Óbvio que existem qualidades a serem tratadas. A animação segue como o ponto alto da série, resultando em grandes cenas de ação e combates mortais entre os personagens. A batalha final nos portões do Castelo de Grayskull, mesmo que lembre a temporada passada, é rica em elementos visuais. O roteiro estabelece a união entre magia e tecnologia primeiro na figura do Esqueletek e posteriormente na nova transformação do He-Man. Algo que deverá ser mais aprofundado nos próximos episódios.

Mesmo truncado, Mestres do Universo: A Revolução é mais um bom capítulo dessa revitalização de He-Man e seus companheiros. Mantém as mesmas qualidades das temporadas passadas e sofre com problemas antigos. A julgar pelas cenas finais, os casos de família de Eternia estão longe de acabarem. E Kevin Smith sabe como nos fazer embarcar no trem do hype.