A HBO Max lançou o primeiro episódio de Merteuil: Jogos de Sedução (The Seduction), nova produção francesa que revisita o universo de Ligações Perigosas a partir de uma perspectiva moderna, ainda que ambientada no século XVIII. Criada por Jean-Baptiste Delafon e dirigida por Jessica Palud, a série propõe explorar as origens da Marquesa de Merteuil e do Visconde de Valmont, personagens célebres do romance de Pierre Choderlos de Laclos. Confira a crítica do início da série:
Desde sua abertura estilizada — que combina imagens de época com batidas contemporâneas — a produção já sinaliza sua abordagem livre. Não se trata de uma adaptação fiel do livro, mas de uma recriação que usa o contexto histórico para desenvolver um drama de sedução, poder e ascensão social.
Merteuil: Jogos de Sedução (The Seduction)
A história de Isabelle e a formação de uma manipuladora
O episódio introdutório apresenta Isabelle (Anamaria Vartolomei), jovem criada em um orfanato que vive um romance secreto com Beaucaillou (Vincent Lacoste). A promessa de casamento revela-se uma farsa orquestrada por Madame de Rosemonde (Diane Kruger) e pelo próprio namorado, que na verdade é Valmont. Humilhada e sem perspectivas, Isabelle volta para Rosemonde, recusando o destino de ser enviada a um convento. É ali que nasce a proposta que define o tom da série: aprender a transformar sua beleza em instrumento de sobrevivência.
Rosemonde enxerga potencial em Isabelle e a introduz ao submundo libertino da elite parisiense. Sua primeira missão é seduzir o Conde de Gercourt (Lucas Bravo), figura influente e rival de Rosemonde. A partir desse plano inicial, vemos Isabelle ingressar em um jogo de manipulação que também envolve Louis de Germain (Julien de Saint-Jean), a devota Madame de Tourvel (Noée Abita) e Cécile de Volanges (Fantine Harduin). O episódio ainda sugere que Valmont, apesar de seu comportamento canalha, preserva algum sentimento pela jovem, criando um triângulo complexo que deve impulsionar os próximos capítulos.

Uma releitura que dialoga com o presente
Merteuil: Jogos de Sedução usa o erotismo, a política sexual e a disputa por poder como eixos centrais da narrativa, seguindo a tradição de adaptações anteriores, mas sem tentar replicar o tom sombrio do romance. O texto reconhece as estruturas sociais rígidas da França pré-revolucionária, mas as reenquadra por meio de uma protagonista que toma decisões estratégicas para garantir autonomia. A série também atualiza temas clássicos de Ligações Perigosas, explorando como desejo, status e vulnerabilidade se entrelaçam em ambientes controlados pela aristocracia.
A dinâmica entre Isabelle e Rosemonde é o destaque do episódio. Diane Kruger entrega uma personagem que enxerga o fim de seu próprio ciclo de poder e tenta moldar uma sucessora à sua imagem. Seu interesse pela jovem permanece deliberadamente ambíguo, o que adiciona camadas à trama. Vartolomei, por sua vez, dá vida a uma protagonista em transformação, que compreende rapidamente o jogo social que precisa jogar.

Vale a pena assistir Merteuil: Jogos de Sedução na HBO Max?
O primeiro episódio estabelece uma série que combina intrigas políticas, jogos de sedução e reinterpretações de personagens conhecidos. O resultado é atraente tanto para quem conhece o livro quanto para quem descobre o universo agora. A temporada promete aprofundar as estratégias de Isabelle para conquistar poder financeiro, emocional e sexual em uma sociedade que restringe todas essas possibilidades às mulheres.
Com estética cuidadosa, ritmo envolvente e boas atuações, Merteuil: Jogos de Sedução se apresenta como uma das estreias mais comentadas da HBO Max em 2025 — e um retorno interessante ao universo de Ligações Perigosas sob um novo olhar.