O terror sempre encontra novas formas de se reinventar, e Mergulho Noturno (Night Swim, 2024), dirigido por Bryce McGuire, aposta em um cenário improvável: a piscina de quintal suburbana. Produzido pela Blumhouse em parceria com a Atomic Monster, o longa adapta o curta-metragem homônimo de 2014, também de McGuire, e busca equilibrar elementos sobrenaturais com um drama familiar marcado por dilemas íntimos. O resultado é um filme que mistura tensão aquática e conflitos pessoais, mas que divide opiniões quanto à eficácia de seus sustos. Leia a nossa crítica do terror disponível no Prime Video:
A trama de Mergulho Noturno
A história acompanha a família Waller, que se muda para uma nova casa em busca de um recomeço. Ray (Wyatt Russell), ex-jogador de beisebol, sofre com os sintomas da esclerose múltipla, e a piscina no quintal se torna não apenas um local de lazer, mas também parte de sua terapia aquática. Ao lado da esposa Eve (Kerry Condon) e dos filhos Izzy (Amélie Hoeferle) e Elliot (Gavin Warren), Ray vê no novo lar a chance de restabelecer a rotina. No entanto, a piscina logo revela ser palco de eventos sobrenaturais, trazendo à tona forças que ameaçam a família.
Terror sob a superfície
O grande mérito de Bryce McGuire está em transformar a piscina — um espaço aparentemente limitado — em terreno fértil para o medo. A cinematografia de Charlie Sarroff, conhecido por Smile e Relic, aproveita os reflexos, distorções e a vastidão ilusória da água para criar imagens perturbadoras. Sequências como jogos de moedas submersas, brincadeiras de Marco Polo e festas na piscina ganham contornos ameaçadores, explorando o desconforto que surge quando não se sabe o que se esconde abaixo da superfície.
Ainda assim, para parte do público, os sustos podem parecer contidos. Embora haja boas construções de tensão, muitos momentos se apoiam mais no drama familiar do que em cenas de horror explícito, o que pode frustrar quem espera uma experiência de terror mais intensa.
Drama familiar no centro da narrativa
Mais do que um filme de sustos, Mergulho Noturno funciona como um drama sobre as inseguranças e fragilidades de seus personagens. Ray, interpretado por Wyatt Russell, vive o dilema entre a glória do passado esportivo e a dura realidade da doença que o afasta de sua carreira. Eve, papel de Kerry Condon, equilibra o cuidado com o marido e a preocupação com a segurança da família diante das manifestações sobrenaturais da piscina. A relação dos filhos com esse ambiente hostil reforça a sensação de vulnerabilidade.
Essa base dramática é o que sustenta a narrativa e dá densidade à ameaça sobrenatural. A piscina, nesse sentido, não é apenas um espaço físico, mas também metáfora para as incertezas, arrependimentos e desejos não realizados que pairam sobre os personagens.
Referências e ecos de outros clássicos em Night Swim
O filme dialoga com obras consagradas do gênero, fazendo alusões a O Iluminado, Poltergeist e Tubarão, além de ressoar em momentos que lembram IT: A Coisa. Apesar dessas inspirações, McGuire imprime personalidade própria à história, ainda que o terceiro ato aposte em uma explicação excessivamente expositiva para os acontecimentos, enfraquecendo parte da tensão acumulada até então.
O ponto alto e as limitações
Se por um lado Mergulho Noturno se destaca pelo uso criativo da linguagem visual e por um elenco comprometido, por outro lado a falta de sustos realmente impactantes e um final pouco satisfatório deixam lacunas na experiência. O filme oscila entre ser um terror psicológico e um drama sobre família, saúde e perdas, mas não consegue equilibrar plenamente os dois lados.
Ainda assim, a produção confirma Bryce McGuire como um cineasta atento ao potencial do horror atmosférico, capaz de transformar um espaço reduzido em palco para reflexões e tensão.
Crítica: Mergulho Noturno é um bom filme de terror?
Mergulho Noturno (Night Swim, 2024) é um terror aquático que se apoia mais no drama familiar do que em sustos explícitos. Disponível no Prime Video, o longa traz atuações sólidas e momentos de tensão bem construídos, mas peca em sua reta final ao recorrer a explicações que diluem o mistério. Para fãs de horror atmosférico, é uma experiência interessante; para quem busca apenas sustos, pode deixar a sensação de ter ficado na parte rasa da piscina.