A quarta temporada de Mayor of Kingstown, estrelada por Jeremy Renner, chega ao catálogo do Paramount+ retomando a tensão, os dilemas morais e o caos urbano que marcam a série desde o início. O episódio de estreia, “Contornando a Montanha”, não perde tempo em mostrar que o poder e a violência continuam em equilíbrio instável, com novos jogadores entrando em cena para desafiar Mike McLusky e redefinir o controle da cidade. Confira a nossa crítica e resumo do que rolou na estreia com o episódio 1:
Recapitulação do episódio 1 [ESTREIA] da 4ª Temporada da série Mayor of Kingstown
Relembrando o fim da temporada anterior
Antes de avançar, vale recordar os acontecimentos que encerraram a terceira temporada. Mike se vingou da morte de sua mãe ao atirar em Milo Sunter, o mafioso russo que o atormentava desde o início da trama. Paralelamente, Iris — a mulher cuja vida se entrelaçou à de Mike em meio à criminalidade de Kingstown — acabou morta por overdose em um ônibus, após ser obrigada por Milo a assassinar Konstantin. Ian, amigo e aliado de Mike, decidiu esconder a verdade sobre a morte de Iris para poupá-lo.
Enquanto isso, o diretor interino da prisão, Kareem Moore, mergulhou em uma crise pessoal e profissional. Decidido a garantir estabilidade financeira à família, ele se sacrificou, permitindo que membros da Gangue Ariana o matassem no pátio, um gesto que marcou profundamente o equilíbrio dentro da penitenciária. Agora, no início da nova temporada, surge uma nova diretora: Nina Hobbs, determinada a impor um comando rígido e a se distanciar da forma como seu antecessor lidava com os detentos.
Outro ponto pendente envolve Kyle McLusky, irmão mais novo de Mike. No final da temporada anterior, ele atirou em Robert Sawyer, colega da equipe da SWAT, para impedir que este matasse um civil. O problema é que Robert sabia demais sobre os esquemas de Mike e dos outros policiais. Para evitar que tudo viesse à tona, Kyle assumiu a culpa e acabou condenado a dois anos de prisão. O episódio de estreia mostra as consequências diretas dessa decisão — e o quanto a prisão pode se tornar uma sentença de morte para ele.
Um novo inimigo em Mayor of Kingstown
Com a morte de Milo e a hospitalização de Merle Callahan, o ex-líder da gangue ariana, um novo criminoso surge para ocupar o vácuo de poder: Frank Moses. O primeiro episódio o apresenta como uma figura enigmática, mas brutal. Sua entrada em cena é marcada por um massacre: seus homens posicionam criminosos nos trilhos de trem, onde são decapitados por uma locomotiva em movimento. As tatuagens nas vítimas indicam ligações com os russos, sugerindo que Moses está “limpando” os resquícios deixados por Konstantin.
Mike e seus aliados — Ian, Stevie e Bunny — tentam descobrir quem está por trás da chacina. As ruas de Kingstown, que mal haviam se estabilizado, voltam a se preparar para uma nova guerra. Mike acredita que Moses pode estar trabalhando com os espanhóis, gangue que vem ganhando influência dentro e fora dos muros da prisão.
Kyle entra em terreno perigoso
A situação de Kyle é um dos núcleos mais tensos do episódio. Embora sua pena tenha sido reduzida de 20 para 2 anos graças à intervenção do advogado Chester, Mike teme que ele não sobreviva atrás das grades. Ex-policial, Kyle será um alvo fácil para os detentos, muitos dos quais ele ajudou a prender. Mike tenta convencer a nova diretora, Nina Hobbs, a garantir proteção especial a seu irmão, mas ela se recusa. Para Nina, a lei é a mesma para todos — e Kyle é, oficialmente, apenas mais um criminoso.
Essa postura gera atrito imediato. Mike tenta alertá-la sobre a natureza imprevisível da prisão de Kingstown, mas Nina mantém sua decisão e ainda recusa outro pedido: colocar o guarda Carney na ala de segregação administrativa, onde Kyle ficaria isolado. Para Mike, fica claro que a nova diretora ainda não compreende o verdadeiro alcance do caos que governa a cidade.
Enquanto isso, Nina dá sinais de que não está completamente no controle da situação. Em uma conversa com Kevin Jackson, um dos guardas, ela o alerta sobre suas ligações com criminosos, demonstrando saber mais do que aparenta. Essa tensão interna indica que a prisão — peça central da série — está prestes a explodir novamente.
O peso do silêncio
Fora da prisão, a trama de Kyle ganha contornos trágicos. Sua esposa, Tracy, tenta convencê-lo a contar a verdade sobre o que aconteceu na ponte com Robert Sawyer. A promotora Evelyn Foley também acredita que ele poderia servir como testemunha contra o ex-colega, que apresentava um histórico de comportamento violento e sintomas de estresse pós-traumático. No entanto, Kyle recusa. Falar significaria incriminar Mike, Ian, Stevie e outros policiais envolvidos em esquemas paralelos para “manter a ordem” na cidade.
Esse dilema moral é um dos temas recorrentes de Mayor of Kingstown: a linha tênue entre justiça e corrupção. Kyle escolhe o silêncio, sacrificando a própria liberdade para proteger o irmão. Sua decisão reforça o ciclo de lealdade e destruição que permeia a família McLusky.
Os espanhóis e o novo equilíbrio criminal
Enquanto Mike lida com as consequências da prisão de Kyle, a tensão entre as gangues continua crescendo. Bunny e Raphael Johnson, aliados de Mike dentro da penitenciária, haviam firmado acordos com os espanhóis para conter o avanço de russos e arianos. Mas agora, com a aparente estabilidade, Bunny quer romper o pacto. Roberto, líder dos espanhóis, não aceita. Ele exige compensações e benefícios após perder homens e um cozinheiro nas recentes disputas.
Raphael desconfia que os espanhóis ganharam um novo aliado poderoso — talvez o próprio Frank Moses. Essa conexão começa a se tornar mais evidente à medida que o episódio avança, preparando terreno para uma temporada de novos conflitos.
O ataque e o início do caos
No ato final do episódio, o equilíbrio de forças é rompido. Um carro com quatro hispânicos embosca o veículo de Bunny, abrindo fogo contra ele. Ninguém se fere, mas a mensagem é clara: os espanhóis estão dispostos a retaliar. Ian e Stevie perseguem os atiradores, e Mike se junta à caçada. O tiroteio termina com a morte de quase todos os criminosos, mas um sobrevivente é capturado — e se recusa a falar. Mike conclui que o ataque tem ligação com o mesmo grupo responsável pelas execuções nos trilhos de trem, reforçando a suspeita de que Moses é o novo líder do cartel espanhol.
Kyle é atacado na prisão
Enquanto as ruas pegam fogo, o perigo também chega a Kyle. Pouco depois de ser levado à ala de segregação, ele é atacado por um detento armado com um cadeado dentro de uma meia. O golpe quase o mata. O ataque parece ter sido orquestrado como aviso direto a Mike. O nome mais provável por trás da emboscada é Merle Callahan, o ex-chefe da gangue ariana que deveria estar hospitalizado — mas, surpreendentemente, aparece detido em uma cela próxima à de Kyle.
O detalhe mais perturbador é que Nina Hobbs havia mentido a Mike sobre o paradeiro de Callahan. A revelação abre uma nova camada de intriga: por que a diretora ocultaria essa informação? Estaria sendo chantageada ou trabalhando em parceria com alguém dentro do sistema? O episódio encerra sugerindo que Nina tem muito mais envolvimento nas conspirações de Kingstown do que aparenta.
Crítica do episódio 1 da 4ª Temporada de Mayor of Kingstown
Um retorno intenso e sombrio na boa estreia no Paramount+
O episódio 1 “Contornando a Montanha” marca um retorno sombrio e consistente para Mayor of Kingstown. A série mantém seu foco nas engrenagens de poder que movem a cidade fictícia, onde cada decisão tem um preço e nenhuma lealdade é eterna. Jeremy Renner entrega novamente uma atuação contida e tensa, reforçando a natureza ambígua de Mike McLusky — um homem que tenta manter a paz em um ambiente onde a violência é a única linguagem compreendida.
A estreia da quarta temporada reafirma o tom característico da produção criada por Taylor Sheridan e Hugh Dillon, misturando ação policial, drama familiar e crítica social. Kingstown continua sendo o retrato de um sistema corrompido, onde heróis e vilões se confundem, e onde cada novo episódio promete reacender a luta pelo controle da cidade.