A HBO Max lançou a série Máscaras de Oxigênio (Não) Cairão Automaticamente, dirigida por Marcelo Gomes e Carol Minêm, trazendo para a televisão uma história pouco conhecida, mas de grande importância para o Brasil dos anos 1980. O drama em cinco episódios é inspirado em fatos reais e aborda a luta de um grupo de comissários de bordo que se arriscaram para contrabandear medicamentos contra o HIV durante os primeiros anos da epidemia no país. A seguir, confira uma breve crítica com as primeiras impressões da série, fechando com uma prévia do que esperar do episódio 3.
A história real que inspirou a série Máscaras de Oxigênio (Não) Cairão Automaticamente
A ideia da série surgiu a partir de uma reportagem de 2020 do jornalista Leandro Machado, publicada pela BBC Brasil, que revelou como ex-comissários da Varig ajudaram a trazer clandestinamente o AZT dos Estados Unidos para pacientes brasileiros. O medicamento só foi aprovado oficialmente no país em 1991, com produção local em 1993 e distribuição gratuita a partir de 1996. Até lá, a solidariedade de pessoas comuns foi fundamental para salvar vidas.
O roteirista Thiago Pimentel, junto com Patrícia Corso e Leonardo Moreira, transformou esse episódio da história recente em dramaturgia, conectando pesquisa jornalística, depoimentos e o acompanhamento da infectologista Márcia Rachid, pioneira no tratamento de pacientes com HIV no Brasil.
O contexto histórico dos anos 1980
Ambientada no Rio de Janeiro, a minissérie retrata um Brasil recém-saído da ditadura militar e mergulhado em um desejo de liberdade. Ao mesmo tempo, o país enfrentava o impacto da epidemia de HIV, marcada por preconceito e desinformação. Na época, a doença era chamada de “câncer gay” e carregava forte estigma social, ampliado por discursos conservadores.
A trama também resgata referências culturais e figuras reais da época, como Lauro Corona, Sandra Bréa, Cazuza e Leonilson, artistas que se tornaram símbolos da luta contra a AIDS. A série recria a noite carioca da década de 1980, com cenários como a boate Paradise e a Galeria Alaska, espaços frequentados pela comunidade LGBTQIA+.
Elenco e personagens da série HBO
Johnny Massaro interpreta Nando, um jovem comissário de bordo que descobre ser portador do HIV e decide arriscar a própria vida para trazer o AZT dos Estados Unidos. Bruna Linzmeyer vive Léa, sua melhor amiga, que encara ao mesmo tempo uma gravidez inesperada e a decisão de apoiar Nando na operação clandestina. Ícaro Silva interpreta Raul, personagem envolvido na militância e na conscientização pública sobre a gravidade da epidemia.
O elenco ainda conta com nomes como Andréia Horta, Eli Ferreira, Hermila Guedes e Kika Sena. Andréia interpreta Andréia Brito, personagem livremente inspirada na atriz Sandra Bréa, que revelou publicamente seu diagnóstico nos anos 1980 e enfrentou preconceito da mídia e da sociedade.
Estética e reconstrução de época
Para dar autenticidade à narrativa, a produção usou câmeras digitais, VHS, Super-8 e 16mm, mesclando linguagens para criar a sensação de material de arquivo. As cenas de aviação foram filmadas em estúdio, com peças originais de aeronaves antigas. Até o Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, serviu de cenário, com áreas preservadas da década de 1980.

Essa reconstrução estética reforça o tom documental da minissérie, que busca não apenas dramatizar uma história de solidariedade, mas também provocar reflexão sobre como o preconceito marcou a resposta social à epidemia.
O que acontece no Episódio 3 de Máscaras de Oxigênio (Não) Cairão Automaticamente
O terceiro episódio de Máscaras de Oxigênio (Não) Cairão Automaticamente marca uma virada na trama. Após recuperar parte da saúde graças ao AZT, Nando decide assumir a paternidade do filho de Léa, fortalecendo ainda mais o vínculo entre os dois. Ao mesmo tempo, ele se aproxima de Raul, ampliando sua rede de afeto em meio ao medo da doença.
Enquanto isso, a operação de contrabando enfrenta seu maior risco: uma entrevista concedida por uma atriz famosa ameaça expor o esquema, colocando em perigo não apenas o grupo, mas também os pacientes que dependem dos medicamentos. O episódio 3 mostra como cada decisão pessoal carrega implicações coletivas em um período de incertezas e resistência.