O novo filme Manutenção Necessária (Maintenance Required), já disponível no Prime Video, tenta revisitar um enredo clássico das comédias românticas — mas o resultado se perde entre intenções modernas e fórmulas antigas. Dirigido por Lacey Uhlmeyer e estrelado por Madelaine Petsch e Jacob Scipio, o longa é a mais recente adaptação da peça húngara Parfumerie (1937), base que já inspirou obras como A Loja da Esquina (1940) e Mensagem para Você (1998). Leia a crítica:
Manutenção Necessária: nova oficina para uma velha história
Na trama, Charlotte “Charlie” O’Malley (Petsch) herda a oficina mecânica do pai em Oakland, um espaço administrado por mulheres e frequentado por uma clientela que busca fugir do ambiente masculino das autopeças. Ao lado da melhor amiga Kam (Katy O’Brian) e da recepcionista Izzy (Madison Bailey), Charlie tenta manter o negócio ativo enquanto restaura o carro do pai, um Bronco apelidado de Marge.
Durante as noites de trabalho, ela passa a trocar mensagens com Beau (Scipio), um entusiasta de carros de outra oficina do outro lado da baía. Sem saberem a identidade um do outro, os dois desenvolvem uma relação à distância que ecoa diretamente os filmes que serviram de inspiração. O problema é que Beau trabalha para um conglomerado que pretende abrir uma filial em frente à loja de Charlie, criando o conflito central entre romance e competição.
Falta de motor no romance
Apesar da química entre Petsch e Scipio, o roteiro não oferece profundidade suficiente para sustentar o vínculo dos personagens. Charlie é apresentada como uma mulher forte e independente, mas suas ações raramente condizem com a proposta. Já Beau oscila entre o charme romântico e o arquétipo do empresário inescrupuloso, tornando difícil se conectar com suas motivações.
As melhores cenas do filme surgem quando o foco se volta para a amizade entre as mulheres da oficina, com uma dinâmica leve e natural que contrasta com a fragilidade do romance principal. A direção de Uhlmeyer busca atualizar o gênero ao transportar a história para o universo digital, mas acaba reproduzindo os mesmos clichês de desencontros e mal-entendidos que dominam as comédias românticas há décadas.
Crítica | Entre nostalgia e falta de novidade: vale à pena assistir Manutenção Necessária no Prime Video?
Embora Manutenção Necessária se apresente como uma tentativa de modernizar um clássico, o filme parece preso à própria estrutura que pretende reinventar. O enredo se apoia em coincidências pouco convincentes, e o desfecho apressado compromete o impacto emocional da história. Mesmo com um elenco carismático, o longa carece de propósito claro: não é uma homenagem nostálgica nem uma releitura com identidade própria.
No fim, a metáfora do título resume bem a sensação deixada pelo filme — essa nova versão precisa, de fato, de manutenção. Faltam peças originais e uma direção que saiba equilibrar o velho e o novo dentro de um gênero que, para seguir funcionando, precisa mais do que apenas trocar os pneus.