O longa dinamarquês Manga (Mango, 2025), dirigido por Mehdi Avaz e disponível na Netflix, apresenta uma trama que mistura romance, conflitos familiares e dilemas profissionais em meio a um cenário ensolarado na Espanha. Embora siga de perto os moldes tradicionais das comédias românticas, o filme encontra espaço para refletir sobre relações pessoais e o peso das escolhas que moldam a vida adulta. Confira a crítica do filme:
A trama de Manga, da Netfflix
A protagonista, Lærke (Josephine Park), é uma executiva dedicada que trabalha para um conglomerado hoteleiro dinamarquês. Prestes a tirar férias com sua filha adolescente, Agnes (Josephine Højbjerg), ela acaba cedendo à pressão da chefe e transforma o descanso prometido em uma viagem de negócios. As duas seguem para Málaga, na Espanha, onde Lærke deve convencer o dono de uma plantação de mangas, Alex (Dar Salim), a vender suas terras para a construção de um resort.
O encontro entre Lærke e Alex não começa bem. Eles se conhecem em um voo, trocam farpas e, mais tarde, descobrem que estão em lados opostos do mesmo negócio. A tensão entre eles evolui para uma relação de cumplicidade, ao mesmo tempo em que mãe e filha precisam lidar com ressentimentos antigos e a dificuldade de comunicação que marcou seus últimos anos.
Desenvolvimento e atuações
O roteiro escrito por Milad Schwartz Avaz segue a estrutura previsível do gênero, mas encontra um ritmo agradável no meio da narrativa. Diferente de outras produções do tipo, Mango não adia demais a virada emocional da protagonista. Lærke percebe rapidamente o impacto de suas ações e a importância das pessoas ao seu redor, evitando que o filme dependa apenas do conflito amoroso.
Josephine Park dá profundidade à personagem, que poderia facilmente se tornar uma caricatura da mulher obcecada pelo trabalho. Sua interação com Josephine Højbjerg, que interpreta a filha, cria os momentos mais autênticos da produção. Dar Salim, conhecido por O Pacto, de Guy Ritchie, sustenta a parte romântica do enredo com naturalidade e leveza.
Direção e ambientação
Mehdi Avaz, que já havia explorado temas semelhantes em Toscana (2022), repete a fórmula de enviar um protagonista dinamarquês ao exterior para redescobrir o valor da simplicidade e das conexões humanas. As paisagens rurais de Málaga funcionam como pano de fundo ideal para essa jornada de autoconhecimento. O visual ensolarado e a trilha sonora suave ajudam a construir o tom de leveza que o filme busca, mesmo quando o roteiro se torna apressado em seu desfecho.

Pontos fortes e limitações
O ponto alto de Mango está em seu núcleo emocional. A relação entre mãe e filha cresce de forma orgânica, sem depender de grandes diálogos explicativos. O humor é discreto, e o filme se apoia mais em gestos e situações cotidianas do que em piadas forçadas.
Por outro lado, o terceiro ato sofre com a pressa em resolver conflitos. O desentendimento entre Lærke e Alex surge de maneira previsível e poderia ter sido evitado se o roteiro explorasse melhor a comunicação entre os personagens. Mesmo assim, o final entrega um sentimento de encerramento coerente, com cada um dos protagonistas demonstrando evolução pessoal.
Crítica de Manga: vale à pena assistir na Netflix?
Mango (2025) é uma comédia romântica que não busca reinventar o gênero, mas encontra valor em sua simplicidade. Com boas atuações e um visual acolhedor, o filme consegue equilibrar clichês com momentos de verdade emocional. Apesar de um início hesitante e de um desfecho apressado, a produção de Mehdi Avaz oferece uma experiência leve, centrada em vínculos familiares e na redescoberta do afeto.
Manga é um drama romântico eficiente, sustentado pelo carisma de seu elenco e pela sensibilidade com que retrata as segundas chances — no amor e na vida.