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M3GAN

Hit no Tik Tok, o filme M3GAN veio com uma proposta antiga – boneca assassina -, porém, com uma roupagem jovem, atual e renovada.

Gemma (Allison Williams) é uma robocista que trabalha em uma das maiores empresas de brinquedos do país. Um dia, recebe a trágica notícia do falecimento da sua irmã e seu cunhado, deixando para trás a filha Cady (Violet McGraw), cuja guarda fica sob a sua responsabilidade. Porém, a tia sempre viveu sozinha e é extremamente workaholic, então se vê um pouco perdida sobre como agir com uma criança em luto – aqui fica um leve incômodo do luto da própria Gemma não ser trabalhado, mas compreensível.

É quando a robocista termina o seu projeto mais megalomaníaco e incrível: M3GAN, uma boneca feita com inteligência artificial e de forma realista para dar suporte aos pais, tornando-se não somente a maior companheira da criança, mas a ensinando sobre conceitos básicos diários, além de estar sempre expandindo o próprio conhecimento do mundo e da consciência humana para tornar a experiência com a criança a melhor possível.

Com a ajuda de M3GAN, Gemma vê a sobrinha florescer, e, também, consegue convencer seu chefe de que a boneca é o melhor produto já feito. Às vésperas do lançamento do brinquedo eletrônico, a robocista percebe que talvez não seja uma boa ideia lançá-la ao mundo, pois, ao contrário do que pensava, dar tons de realismo para uma boneca pode não ter sido a melhor opção.

Que M3GAN é sinistra todos sabemos, mas vê-la em tela agindo praticamente como se fosse humana é bizarro. A boneca tem aqueles olhos enormes e expressivos, que, em diversos momentos, são assustadores. Você praticamente lê ali que ela está maturando um assassinato, e todas as mortes são “justificadas”, pois está agindo a favor de Cady – afinal, ela foi criada basicamente para ser o mundo da menina e vice-versa. M3GAN jamais deixaria algo de ruim acontecer com a sua criança e, se por um acaso acontece, bem… é bom você fugir rapidinho, pois a boneca é implacável.

M3GAN e Candy

Infelizmente, o terror é deixado de lado, explorando mais tons de comédia, que funcionam muitíssimo bem, arrancando gargalhadas fáceis do públicos, assim como tons de drama, perfeitamente equilibrados pelas atrizes principais, Violet McGraw e Allison Williams. A menina, Violet, já tinha provado seu talento em A Maldição da Residência Hill, e aqui não é diferente. Cady não é uma criança detestável e birrenta, como costumam fazer, e sim uma menina sensível, em luto, cheia de raiva e tristeza, sentimentos com que não sabe lidar e, com a distância entre ela e a tia causada pela existência de M3GAN, apenas mascara tudo por detrás da amizade com a boneca.

Já Gemma é uma mulher inteligente, segura de si, mas que, de forma alguma, não sabe lidar com outros seres humanos tão bem quanto deveria. Muito menos com uma criança. Criar uma conexão com a sobrinha é imprescindível, mas a mulher se sente mais perdida do que uma bolinha de gude que caiu acidentalmente num esgoto e faz o que faz de melhor: se entrega ao trabalho. E o filme procura trabalhar bem essa distância de sentimentos, sobre como a falta de um contato real afeta as crianças e como os pais agora têm um costume de relegar os filhos a eletrônicos para que não dêem trabalho.

Veja só, não estou falando da mãe exausta com a sua jornada dupla ou tripla que precisa deixar os filhos na TV para poder respirar um pouco, ou mesmo para trabalhar mais dentro de casa. Não, falo de pais e mães que têm tempo, disponibilidade, que deveriam estar lá, mas preferem dar um Iphone de última geração para a sua criança para que ela “não encha o saco” (essa frase é real, tá? Ouvi de uma ex-aluna de 8 anos). A criação de M3GAN, em tese, ajudaria essas pessoas exaustas que precisam de auxílio, mas sabemos que uma boneca de 10k está fora do orçamento desses pais/mães e se tornaria apenas uma substituta destes para as crianças abastadas. Talvez fosse até positivo, visto a quantidade de crianças negligenciadas… hm…

Enfim!

M3GAN faz questão de jogar essa crítica na cara de todo mundo, e talvez essa seja a parte mais aterrorizante. Existem poucas mortes ao longo da narrativa, pois o foco não está em ser um slasher, e os poucos momentos em que acontecem, são meio meh. A boneca em si é assustadora, mas não passa disso. A atuação de corpo e voz estão incríveis, a maquiagem utilizada está impecável, e o tom de realismo em ações, falas e pensamentos de M3GAN atingem em cheio o seu objetivo, que provavelmente é causar incômodo.

Se você não chegar no cinema esperando um filme de terror, provavelmente vai curtir bastante. Se está esperando jump scares, trilha pesada e marcante, muito sangue, vai se decepcionar. De qualquer forma, você sairá dançando.

Bônus: Drew Barrymore como M3GAN

De nada.