Lançado em abril de 2021 na China e nos Estados Unidos, Luta pela Liberdade, que foi o indicado do país asiático como a entrada chinesa para a categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar, chega esse mês de agosto aqui no Brasil.
Na década de 1930, uma organização do Partido Comunista envia quatro agentes especiais, que foram treinados na União Soviética, para o estado de Manchukuo em uma missão de codinome “Utrennya”. Uma traição torna a missão ainda mais perigosa e os agentes deverão colocar todo o seu treinamento em prática logo nos primeiros passos dentro da China, quando começam a notar que ameaças estão à espreita e que não devem confiar em qualquer pessoa que diga que está do mesmo lado. Mas será que no frio congelante e em meio a tanta neve, a equipe conseguirá chegar ao seu objetivo?
Divisões, quase como atos, marcam momentos específicos do filme. A primeira, O Código, mostra claramente o primeiro desafio dos agentes, que foram recentemente separados em dois grupos, a aproximação de uma dupla de possíveis aliados. Um código de identificação é trocado, o que deixa a dupla Lan e Zhang levemente mais relaxados. Mas não totalmente. Logo Zhang percebe que aqueles não são seus aliados.
E assim seguem todas as duas horas de Luta Pela Liberdade, com os agentes tentando cumprir sua missão. Missão essa que é mantida escondida até mesmo dos espectadores por até quase metade do longa, no qual sabemos apenas que se trata de algo importante o suficiente para que exista uma operação grande e um codinome para ela.
A trama segue uma ambientação pré-guerra, então não temos ataques diretos e bombardeios, mas sim lutas travadas em vielas escondidas, senhas secretas, olhares breves e disfarçados. Uma abordagem mais sutil, mantendo-se longe dos olhos da população geral, que permanece alheia a toda a tensão entre o Partido Comunista e o governo chinês.
Porém, por se tratar de um momento de tensão e pré-guerra, claro que também temos alguns momentos de lutas, perseguições, tortura e tiros. Quando mantendo as aparências, os representantes do governo mostram uma faceta tranquila, mas quando somos apresentados ao lado inquisidor e escondido, vemos cenas de tortura que podem deixar alguns espectadores arrepiados com a frieza e a crueldade com que são aplicadas.
O filme começa nos dando uma informação de ambientação, sobre em que período da história aquela situação está acontecendo. Porém, não explica o que está acontecendo ou o porquê dos personagens agirem da maneira como agem; a montagem da história fica toda na mente de quem assiste, o que pode ser um pouco chato e levar o espectador a abandonar o filme por não entender por qual razão temos chineses treinados na Russa, indo para a cidade de Harbin e passando por diversos percalços.
A fotografia é muito bonita, e por se tratar dos anos 1930, decidiram dar um leve toque noir quando os personagens principais chegam à cidade de Harbin – algo que pode deixar a ambientação melhor para os olhos ocidentais. Mas, uma característica que frustra o espectador ocidental, desacostumado com obras asiáticas, e que foi mantida é a repetição cansativa das trocas rápidas das câmeras.
Outro detalhe que pode atrapalhar o olho de quem não assiste obras orientais é o figurino. Por estarem no inverno, é necessário o uso de roupas extremamente pesadas para que os personagens suportem o frio, mas, ao usarem roupas tão pesadas e com diversas peças, as características que nos ajudam a diferenciar as pessoas acabam ficando escondidas.
Luta pela Liberdade talvez seja um bom filme de domingo. A história não é tão fluida, recebemos pedaços de informações que deveriam pelo menos serem apresentadas de maneira mais organizada e seguindo algum padrão que não deixasse os acontecimentos tão confusos, precisando de muita atenção para juntar todas as peças do quebra-cabeça. E, por esses e outros, com certeza é uma aposta bastante questionável para a categoria de Melhor Filme Internacional do Oscar.