Com Nicolas Cage no elenco, o terror Longlegs – Vínculo Mortal conta a história de Lee Harker (Maika Monroe), uma agente do FBI convocada para reabrir um caso importante que estava parado: o caso de Longlegs, um serial killer que, de forma misteriosa, matava suas vítimas sem sequer entrar nas casas delas. As vítimas eram sempre famílias, onde o pai assassina a esposa e filha(s) antes de se matar, deixando para trás uma carta codificada que ninguém conseguiu decifrar. O chefe de Harker, Carter (Blair Underwood), deposita sua confiança na detetive após ela, misteriosamente, encontrar a casa de um assassino procurado.
O filme apresenta inúmeros problemas, mas a direção não é um deles. A direção de Oz Perkins é exemplar, trabalhando planos abertos que, muitas vezes, nos colocam no ponto de vista da protagonista ou de um observador oculto, acompanhando os acontecimentos a uma distância saudável. Perkins cria uma atmosfera opressiva, com ambientes escuros e claustrofóbicos, como a casa da mãe de Harker (Alicia Witt), que beira o comportamento de uma acumuladora compulsiva, ou até mesmo a própria casa de Harker, com suas luzes amareladas. Através de suas lentes competentes, ficamos presos querendo saber o que vai acontecer.
No entanto, apesar da direção competente, “Longlegs – Vínculo Mortal” tropeça em um roteiro cheio de falhas, mais furado que queijo suíço. O tempo todo nos é apresentado algo novo na trama e que parece ser muito importante, então seguimos com afinco, só para frustrar de novamente, pois todas essas coisas novas não possuem relevância ou são completamente esquecidas no andar da carruagem.
As atuações são competentes, mas o roteiro confunde muitos personagens. O chefe de Harker, por exemplo, alterna entre acreditar e não acreditar no sobrenatural, criando um arco inconsistente. O enredo da mãe também não faz sentido, e a conexão com a protagonista é difícil, pois não fica claro o que os roteiristas pretendiam com ela, resultando em uma personagem “dura”, sem carisma social, e eternamente com uma cara de constipação. Já o personagem de Nicolas Cage, que deveria ser apavorante e meio sobrenatural, acaba se tornando apenas mais uma figura exagerada de Cage, feita apenas para chocar, sem um arco claro ou profundidade.
Chocar, aliás, parece ser a palavra-chave da trama: “Longlegs – Vínculo Mortal” é um filme feito para impactar, com o objetivo de provocar pavor, asco e tensão, sem se preocupar em fazer as peças do quebra-cabeça se encaixarem. O filme não se importa se as coisas realmente fazem sentido dentro da narrativa, focando apenas em deixar o espectador nervoso. E, embora isso possa funcionar durante a exibição, ao final, a sensação comum é de desapontamento, o que levou a me perguntar: “Que bosta acabei de assistir?”