Jogos com aventuras épicas são muito legais e tal, mas quanto mais o tempo passa, mais eu estou admirando pequenas experiências, com temas e tramas mais inocentes, singelas e sinceras. Lil Gator Game é mais um desses, que tive o prazer de experimentar, também fazendo parte da grande onda de platfomers 3D fofinhos que estão aparecendo nos últimos meses. Com o foco na exploração de um pequeno mundinho aberto, o jogo da MegaWobble conta sobre uma tarde de verão de um pequeno jacaré, que só quer se divertir com seus amigos e se tornar o herói de seu próprio faz de conta.
Um claro fã de The Legend of Zelda desde que saiu do ovo, nosso protagonista jacaré — que você pode dar o nome que quiser e claramente o meu se chamava Zelda — adorava brincar com a sua irmã mais velha nesse grande mundo de faz de conta. Mas agora que ela cresceu, foi pra faculdade e tem um trabalho muito difícil pra fazer… então seu objetivo é chamar seus amigos e fazer o maior Zelda-imaginado que a sua ilha já viu e, quem sabe, ela não decide brincar com você depois de ver o quão legal é não fazer coisas de adulto no meio das férias???
Eu gosto demais dessa proposta, sabe? É realmente um jogo sobre uma criança querendo brincar e só isso! Não tem um plot twist, não tem uma metáfora maluca: Lil Gator Game te convida a brincar de faz de conta e pronto, de uma forma tão singela quanto o convite de uma criança. Você ainda é um “herói”, com sua “espada” e seu “escudo”, mas tudo pode acontecer porque, no fim, é só uma brincadeira. Eu estava precisando de um jogo pra relaxar depois de uma semana difícil e é bom pensar que hoje possam existir jogos assim no mercado.
Mecanicamente, ele é um jogo de plataforma 3D bem simples, que se inspira em vários jogos da série da Nintendo, incluindo usar o escudo para descer morros e conseguir planar de lugares altos com um pedaço de pano (é uma camiseta, mas tudo bem). Não há exatamente combate no jogo: todos os “inimigos” são feitos de papelão e espalhados pela ilha pelas outras crianças, então você pode só sair balançando sua espada por aí sem muitas consequências.
Por mais que o jogo tenha algumas missões principais para serem resolvidas a fim de terminar a história, Lil Gator Game te deixa bem livre para explorar as duas ilhas, encontrando outras crianças e outros adultos, resolvendo suas questões e fazendo novos amigos. Todo o lixo que você gera em destruir todo o papelão é, na verdade, a moeda do jogo, que pode ser “reciclada” em novos chapéus, espadas, escudos e equipamentos. Isso inclui uma bandana ninja do Naruto que faz você correr como o Naruto e eu não poderia enfatizar mais o quanto isso é estranhamente legal. O problema é que, sem mapa algum, ou qualquer tipo de indicação, é bem difícil entender pra onde ir (eu perdi a conta de quanto tempo fiquei só andando pela ilha, procurando uma coisa que tinha visto antes).
E é isso! Não tem muitos momentos diferentes de gameplay além de diálogos mais engraçadinhos às vezes, você anda, pula, destrói papelão, pega alguns itens pra outras crianças e vai seguindo a história. Lil Gator Game sabe muito bem o que quer ser, e eu gosto disso, mas ele pode se tornar repetitivo em longos períodos de tempo pela falta de variedade. Pelo menos a aventura não dura mais que 5-6 horas; provavelmente, se fosse maior que isso, ele se tornaria bem menos recomendável do que é. Mas pra uma pequena tarde pra descansar a cabeça, funciona muito bem.
Por mais que seja estranho definir assim, Lil Gator Game não é um jogo infantil, mas um jogo sobre a infância e a beleza que faz parte dela. Com sua narrativa simples e sincera, foi uma ótima pedida pra relaxar depois de uma semana complicada. Afinal, é muito bonitinho ver um baby jacaré correndo vestido de ninja Naruto enquanto usa seu lápis gigante para quebrar gosmas de papelão. O jogo também não vai muito além disso e pode ficar repetitivo rápido, eu sei, mas se você está procurando um jogo de plataforma 3D pra desligar a mente, vale dar uma chance para o nosso jacarezinho e suas brincadeiras de faz de conta.
Lil Gator Game está disponível para PC na Steam e no Nintendo Switch.
*Uma cópia do jogo foi gentilmente cedida ao CosmoNerd pelos desenvolvedores para a produção deste texto.