Lendas dos Heróis do Condor Os Valentes - Crítica do filme chinês Lendas dos Heróis do Condor Os Valentes - Crítica do filme chinês

Lendas dos Heróis do Condor: Os Valentes | Crítica do Filme

Disponível na HBO Max, Lendas dos Heróis do Condor: Os Valentes (Legends of the Condor Heroes: The Gallants, 2025) marca o retorno do veterano cineasta Tsui Hark ao universo do wuxia — o tradicional gênero chinês de artes marciais e cavalheirismo. A produção é uma nova adaptação da saga literária de Louis “Jin Yong” Cha, referência incontornável na cultura popular chinesa. O resultado é um épico visual que combina romance, fantasia e batalhas grandiosas, ainda que por vezes comprimido pela própria ambição narrativa. Leia a crítica do filme chinês.

Lendas dos Heróis do Condor: Os Valentes

A difícil missão de adaptar Jin Yong

O filme retoma uma parte específica do extenso material de Jin Yong — os capítulos 34 a 40 do romance original — e tenta condensar sua trama em pouco mais de duas horas e meia. A história acompanha Guo Jing (Xiao Zhan), um jovem criado entre os mongóis por sua mãe viúva, que se apaixona por Huang Rong (Zhuang Dafei), filha do misterioso Herege do Leste. O amor entre os dois se desenvolve em meio ao conflito entre a horda mongol de Genghis Khan e a dinastia Jin, que domina o território chinês.

Essa estrutura romântica serve como eixo emocional da narrativa, enquanto os temas de honra, lealdade e destino moldam o percurso dos personagens. Tsui Hark mantém o tom de fábula heroica e resgata o espírito do wuxia clássico, no qual guerreiros errantes enfrentam dilemas morais e políticos enquanto buscam equilíbrio entre força e compaixão.

Entre o espetáculo e a correria no filme chinês

Com mais de duas horas de duração, o filme aposta em ritmo acelerado e transições abruptas. Em poucos minutos, o público é lançado em batalhas, flashbacks e reviravoltas que exigem familiaridade prévia com o universo de O Condor. A montagem, por vezes, sacrifica o desenvolvimento emocional em favor do avanço da trama, o que pode afastar espectadores ocidentais menos acostumados ao estilo narrativo.

Por outro lado, as cenas de ação, coordenadas com precisão, revelam o domínio de Tsui sobre o gênero. Técnicas de luta inspiradas em nomes lendários — como o “Miasma do Sapo” e o “Terremoto do Dragão” — surgem com energia cênica, reforçadas por um uso intenso de computação gráfica. Ainda que o CGI não esconda a artificialidade, o diretor o utiliza como ferramenta estética, aproximando o longa da grandiosidade visual dos quadrinhos e das óperas chinesas.

Um romance no coração da guerra

O núcleo emocional de Lendas dos Heróis do Condor: Os Valentes está na relação entre Guo Jing e Huang Rong. Ele, ingênuo e leal; ela, rebelde e determinada. O amor dos dois sobrevive a acusações, exílios e disputas políticas, funcionando como contraponto humano à vastidão épica das batalhas. Em cenas mais íntimas, Tsui Hark recupera a melancolia das antigas narrativas românticas do cinema de Hong Kong, sem abandonar o senso de espetáculo que o consagrou.

Lendas dos Heróis do Condor Os Valentes - Crítica do filme chinês

Crítica de Lendas dos Heróis do Condor: Os Valentes – vale à pena assistir na HBO Max?

Tsui Hark e o legado do wuxia

Ao adaptar novamente Jin Yong, Tsui Hark reafirma sua posição como um dos principais tradutores do imaginário chinês para o cinema moderno. Seu filme equilibra tradição e tecnologia, tentando preservar o ideal de heroísmo e honra que define o gênero. Mesmo com um ritmo por vezes apressado e uma estrutura episódica, Lendas dos Heróis do Condor: Os Valentes mantém vivo o espírito das grandes lendas do oriente, convidando novas gerações a redescobrirem o wuxia em escala contemporânea.