A notícia sobre Lashana Lynch ser a nova 007 vazou em abril do ano passado, mas só foi confirmada oficialmente essa semana, no início de novembro. Infelizmente, desde que a informação foi a público, a atriz vem sofrendo ataques não somente machistas, como de cunho racista, e teve que abandonar suas redes sociais durante um tempo, além de ver apenas seus familiares, com medo do que poderia acontecer. Mesmo assim, a atriz se mantém firme em permanecer no papel e ainda deu uns toques para Phoebe Waller-Bridge (Fleabag) sobre o roteiro do filme. A atriz quer que sua personagem Nomi seja uma “nova perspectiva feminina” em uma franquia de foco masculino.
O agente 007 apareceu pela primeira vez em 1953, na série de livros escrita por Ian Fleming. O personagem, um agente perspicaz e mulherengo, nasceu para as telas na pele de Sean Connery em 1962, e, desde então, James Bond já passou pelas mãos de diversos atores, tais como Roger Moore, Pierce Brosnan e Daniel Craig. Repetindo: James Bond, não somente o codinome 007 – o que seria o natural, devido à troca de atores dentro da franquia, que conta com mais de 25 filmes. Alguns atores, como George Lazenby, sofreram tanto bullying e rejeição por parte do público, que terminou fazendo apenas um filme; Roger Moore quase foi pelo mesmo caminho, mas resistiu mais firmemente. E agora é a vez de Lashana, que não será uma versão feminina de James Bond, será uma nova agente, com o codinome 007, posto que fica em aberto com a saída do seu antecessor.
A princípio, Lashana comenta que ficou com um pé atrás sobre fazer um papel originalmente feito para homens, pois soava como uma espécie de apagamento (a velha ideia de que por detrás de todo grande homem há uma mulher), mas, após uma conversa com a produtora, Barbara Broccoli, e o diretor, Cary Joji Fukunaga, ela entendeu que as intenções deles eram as mesmas e, em sua conversa com a roteirista, procurou evitar a bidimensionalidade que é facilmente transmitida pelas telonas, procurando mais vida e realismo para a personagem.
A atriz afirma que não pretende desperdiçar a oportunidade de mostrar o que Nomi pode representar, buscando trazer experiências vividas pela comunidade negra e espera que, em diversas cenas do filme, eles possam se sentir representados. Em entrevista para a Harper Bazaar, ela diz:
“Eu sou uma mulher negra, e mesmo se fosse outra mulher negra no papel, ela sofreria o que eu estou sofrendo agora, receberia os mesmo ataques, as mesmas opressões. Eu só preciso me lembrar de que o que está acontecendo, e eu sou parte disso, é algo muito revolucionário.” [Em tradução livre]
Lashana Lynch vê seu papel em Sem Tempo Para Morrer (No time to die) como um passo positivo contra os estereótipos sobre raça e gênero na indústria que vêm durando tempo demais. Ela comenta que, como pessoa pública, é importante se manter honesto, falar sobre as suas experiências, mesmo que te deixe com medo, mesmo quando estamos vulneráveis, mesmo se somos os primeiros a falar sobre isso. Para ela, os artistas têm força o suficiente para exigir por mudanças e ainda há muito a se fazer para que haja transformação nesse meio.
Sem Tempo Para Morrer estreia em 2 de abril de 2021.