Breve opinião (com base no primeiro episódio) sobre La Casa de Papel Parte 3 na Netflix, que chegou apresentando interessantes novidades mas sem perder a identidade que a consagrou anteriormente
La Casa de Papel é um fenômeno muito peculiar da Netflix, que já se acostumou a possuir outros sucessos em seu catálogo como Stranger Things e 13 Reasons Why. Isso porque foi a primeira série a ressaltar o caráter global da plataforma de streaming, apresentando um programa de narrativa envolvente numa língua não inglesa.
Curiosamente, as duas primeiras partes eram na verdade uma só em sua emissora original, a espanhola Antena 3. Desse modo, a Netflix comprou os direitos de exibição no mundo e colocou seu poderoso selo “original” no título, e em poucos dias a série era a mais recomendada nos círculos sociais.
Seus personagens são carismáticos e com motivações mundanas, numa trama que mostra bandidos querendo aplicar um audacioso assalto na Casa da Moeda da Espanha, onde vão fazer reféns e fabricar seu próprio dinheiro enquanto desfilam com máscaras de Salvador Dalí, pintor surrealista e ícone cultural do país.
Muitos questionaram o anúncio dessa 3ª temporada, ou Parte 3, porque julgam que a história se fechou e não há motivos para continuar. Para esses (incluindo alguns que assistem Grey’s Anatomy religiosamente) fica o questionamento: qual o problema de se continuar uma história de personagens tão carismáticos e populares, contanto que seja algo de qualidade? Além disso, será mesmo possível aplicar tamanho golpe no governo de um país e sair por aí gastando o dinheiro do roubo e viver feliz para sempre? Certamente que não.
Nesse sentido, o primeiro episódio dessa 3ª parte de La Casa de Papel (objeto de estudo desse texto) se justifica com dignidade, repercutindo um pouco da vida de cada um após os eventos anteriores. Junto a isso, temos a criação de Alex Pina viajando para diversos países com cenários exuberantes, que servem para ressaltar que, até certo ponto, Tokyo, Rio, Denver, Professor e cia conseguiram ser bem-sucedidos.
Mas as coisas vão além: já somos preparados para um novo grande evento através de uma narrativa não-linear, que serve para explicar algumas coisas (como o motivo de Berlim aparecer nos trailers) e jogar mais mistério sobre outras.
Em time que está ganhando não se mexe?
É La Casa de Papel sendo o que sempre foi, mostrando que o fato de ser exclusivamente Netflix não mudou a sua forma. Isso inclui manter algumas fragilidades do texto, que muitas vezes tira soluções inverossímeis para seus impasses. Até aqui (primeiro episódio), são apenas miudezas como o modo que Rio acaba sendo capturado. É compreensível que Tokyo, em algum momento, se comportasse daquele modo, mas ficou muito corrido ao longo do episódio, sem o devido tempo para absorção por parte do espectador.
Já o gatilho de um novo assalto é interessante. Se por um lado é uma ideia requentada mesmo dentro do próprio universo da série, faz sentido que ela parta de personagens como Berlim. No entanto, ficou claro que dessa vez o Professor estará muito mais sujeito a imprevistos do que anteriormente.
Agora é conferir o resto dos episódios. Nos encontramos em breve para a crítica da temporada completa! 🙂