Exclusivo no Brasil pela Netflix, King: Uma História de Vingança mistura investigação e drama apostando em seus personagens
É difícil adivinhar se a introdução de King: Uma História de Vingança se aplicaria aos EUA atual, país governado por Donald Trump. Na cena em questão, um jovem chega da Africa do Sul a Los Angeles, sendo logo barrado no aeroporto para inspeção adicional. Seu visto é de apenas 7 dias e, seu capital, cerca de 600 dólares. Mesmo sob a desconfiança e insinuação dos fiscais de que ele poderia estender ilegalmente sua estadia para trabalhar como taxista no país, ele consegue adentrar na terra da oportunidade.
Exclusivo da Netfix e dirigido por Fabrice Du Welz, King: Uma História de Vingança conta a história de um homem (Chadwick Boseman) que vai aos EUA em busca da irmã desaparecida. Ao avançar em sua procura e descobrir notícias nada boas, ele decide fazer justiça e descobrir toda a verdade com as próprias mãos.
Chadwick Boseman tem uma atuação no mínimo curiosa. Seu personagem é bastante prejudicado pelo roteiro de Oliver Butcher e Stephen Cornwell (dupla que escreveu Desconhecido, com Liam Neeson), mas há momentos onde o ator consegue mostrar qualidade. Alguns momentos de passividade ou calma excessiva (para quem busca vingança, como sugere o subtítulo do filme) podem incomodar, mas há uma revelação no final que dá algum sentido para isso. Ao mesmo tempo, é positivo aproveitar seu sotaque inglês de estrangeiro, algo já utilizado em sua estreia como T’Challa, o Pantera Negra de Capitão América: Guerra Civil da Marvel. O detalhe mais legal disso tudo é que Boseman é norte americano.
O resto do elenco é até interessante, tendo como mais destaque, em termos de notoriedade, os nomes de Luke Evans e Alfred Molina. O primeiro vive Wentworth, um dentista canastrão, sedutor e diretamente envolvido com a irmã do protagonista, disposto a sugar o máximo de dinheiro possível do segundo. Preston, o personagem de Molina (lembra dele como Dr. Octopus em Homem-Aranha 2?) é um ricaço com diversos investimentos, além do deplorável hábito de abusar de crianças. Além deles, destaca-se nesse balaio Teresa Palmer (Até o Último Homem, Meu Namorado é um Zumbi), a quem é atribuída o dever de personificar o tom decadente da Los Angeles em King: Uma História de Vingança. Tom Felton (o Draco Malfoy de Harry Potter) dá as caras também, mas sem nenhum destaque.
A tal da vingança pode iludir os sádicos de plantão, apesar de ser bem legal ideia de usar uma corrente contra os inimigos. Numa mistura de investigação e drama, King se sustenta basicamente no carisma dos atores, apostando na boa fé do espectador mais curioso por saber detalhes do passado do protagonista. O desfecho é interessante, mas longe de trazer satisfação quando tratamos de personagens e relações bem construídos e desenvolvidos.