Jujutsu Kaisen Jujutsu Kaisen

Jujutsu Kaisen: vale a pena acompanhar o anime?

Um dos mangás/animes mais populares da atualidade, Jujutsu Kaisen tem me feito sofrer, junto com WandaVision, esperando pelo próximo episódio todas as sextas-feiras. O mangá já bateu os 30 milhões de cópias em circulação no Japão (sem contar em outros países), e sabemos que isso não é pouca merda. Mas, afinal, o que tem de tão bom nesse anime?!

Sinopse:

Sofrimento, arrependimento, vergonha: os sentimentos negativos dos humanos tornam-se Maldições que assolam o nosso dia a dia. Maldições avassalam o mundo todo, levando as pessoas a sofrer terríveis acidentes, levando até mesmo à morte. E pra piorar, Maldições só podem ser exorcizadas por outras Maldições. Itadori Yuji é um garoto com tremenda força física que leva uma vida colegial absolutamente normal. Certo dia, para salvar amigos que estavam sendo atacados por Maldições, ele engole o dedo do Ryomen-Sukuna, absorvendo sua Maldição.

Desse momento em diante, Yuji e o Ryomen-Sukuna compartilham o mesmo corpo. Orientado pelo mais poderoso dos feiticeiros, Gojo Satoru, Itadori se matricula no Colégio Técnico de Feitiçaria de Tóquio, uma organização que combate as Maldições… e assim começa a heroica lenda do garoto que tornou-se uma Maldição para exorcizar uma Maldição, uma vida da qual ele nunca mais conseguirá se desvencilhar.

A história

O trio principal: Yuji, Fushiguro e Nobara. Reprodução: Crunchryoll. 

Em Jujutsu Kaisen, Yuji é o típico protagonista ingênuo que não pensa muito sobre as coisas da vida, só quer ter uma vida de boas, é meio burrinho, de coração bom, mas com uma tremenda força física. Quando ele se mete a comer o dedo do Sukuna, o rei das Maldições, foi em um ato impulsivo no desejo de salvar as pessoas – não importando quem fosse. Por algum motivo (poder do protagonismo), ele consegue resistir ao ser mais forte em sua mente, tornando-se o seu hospedeiro. A partir desse momento, Yuji passa a ter apenas duas escolhas: morrer naquele momento ou juntar todos os dedos de Sukuna que estão espalhados por aí e só então morrer, para que o rei possa ir junto com ele. Óbvio que, para a história andar, ele aceita a segunda opção.

Então ele vai estudar no Colégio Técnico de Feitiçaria de Tóquio para aprender jujutsu (técnicas para combater as Maldições) e conseguir combater as tais Maldições enquanto faz a sua busca pelos dedos. Nesse ínterim, ele faz parte de um grupo novato de feiticeiros, juntamente com Megumi Fushiguro e Nobara Kugisaki, sendo orientados pelo mais poderoso feiticeiro Jujutsu, Satoru Gojo (que me lembra até demais o Kakashi, de Naruto).

A história toda é dinâmica. Parece acontecer tudo muito rápido, mas é tão bem amarrado, que isso não importa muito (afinal, a vida é assim). O autor consegue explicar o plot da melhor maneira possível, sem ficar minimamente confuso em relação ao que está acontecendo, o que são esses seres chamados de Maldições, seus níveis, os níveis do feiticeiros, como funciona a escola… Tudo segue um fluxo muito natural dentro da narrativa. Em 17 episódios lançados do anime de Jujutsu Kaisen (e 15 capítulos – que eu ainda estou lendo), você se envolve com o que tá rolando.

Vários personagens do grupo secundário, que normalmente não teriam chance de um background ou qualquer importância palpável, são complexos e têm sua própria história, contada de forma clara e de modo a entendermos as suas motivações e quem são. Claro, como todo bom anime, há diversos diálogos e momentos expositivos, mas que, no geral, não atrapalha a sua experiência – ao menos, a minha não atrapalhou. As lutas são muito bem coreografadas e bem-feitas, sendo possível enxergar cada movimento feito e trazendo cenas que são lindamente memoráveis.

E por que é tão bom?

O Rei das Maldições, Sukuna. Reprodução: Crunchryoll. 

Os personagens do núcleo principal são cativantes. São o típico trio de dois rapazes e uma garota. Aliás, a história é toda montada em clichês shonen, que é o padrão, mas o que me atraiu mais é que o autor resolveu que não ia se prender a isso e trabalhou a maioria dessas coisas que seriam mais do mesmo de maneira diferente.

As personagens femininas são todas respeitadas. Além de serem excelente guerreiras, o fato de serem fortes e boas feiticeiras não as tornam nem hiperssexualizadas nem menos femininas, muito menos servindo apenas para ser interesse amoroso ou a lenha da fogueira do protagonista. A Nobara, por exemplo, usa saia quase o tempo inteiro e, ao contrário do que se poderia esperar, além de usar meia calça preta (sendo impossível ver o que debaixo dela), a saia dela nunca levanta em movimentos irreais do vento só para mostrar a calcinha dela. Aliás, não há nem close na bunda dela! E é a mesma coisa com as outras personagens, que podem movimentar-se livremente sem se preocupar com a sua calcinha à mostra ou os peitos recebendo mais atenção ao fato de serem lutadoras fodas.

Apesar de Yuji ser o protagonista e ser hospedeiro de um ser magnificamente forte, não acontece com ele o que acontece normalmente com a maioria dos protagonistas – vide Naruto, que aprende a usar a Kyuubi em proveito próprio desde o início (demônio bonzinho, né?). Sukuna não é bom, ele não quer ajudar, ele só segue os próprios interesses e isso é bem explorado na narrativa. Também, o fato de Yuji ter superforça não é tão vantajoso quanto se poderia esperar. Claro, em alguns momentos o autor peca na utilização do poder do protagonista, mas, hey, ainda é melhor do que muito anime por aí!

Os inimigos são implacáveis, e a sensação de perigo é real. Você teme pelos personagens em diversos momentos, pois a história demonstra que ela pode ser bem cruel em vários aspectos. Ainda não ultrapassou a linha para poder ser mais tensa ainda, mas aguardo por isso.

Além disso, amei os traços. A animação é muito bem feita, tendo sua realização pelo estúdio MAPPA, o mesmo de Yuri on Ice e The God of Highschool. Ah, e as músicas de abertura e encerramento são ótimas, já pode ir atrás.

Apesar disso, tem rolê errado…

Gojou tentando ensinar Yuji. Reprodução: Crunchryoll. 

Infelizmente, Jujutsu Kaisen não tem como ser perfeito. Além dos diálogos expositivos que já citei – que podem ficar chatos em alguns momentos, um dos personagens que apareceu recentemente é aquele típico tarado que sexualiza mulher, chegando até mesmo a explicitar seu tipo ideal de mulher de maneira extremamente grosseira (e fazem com que Yuji entre nessa mesma onda, o que doeu no meu coração). Ele não faz parte do núcleo principal, ainda bem, mas até o presente momento, ele tem tido uma importância grande.

Também acho negativo eles trabalharem com o protagonista sendo o típico “forte, mas burro”. Sempre me incomoda isso, é como se tentassem compensar o “poder do protagonismo” dando um defeito insuportável, do tipo “ele pode quebrar uma parede com as próprias mãos, mas olha, ele é burro e demora para entender as coisas!”. Por favor, autores, superem isso.

O anime de Jujutsu Kaisen ainda está sendo lançado, tendo apenas 17 episódios até o presente momento (a primeira temporada vai fechar em 24 episódios), e você pode assistir pela Crunchyroll. O mangá está sendo lançado pela Panini aqui no Brasil, partindo para o seu 15° volume no Japão.

Agora é aguardar o desfecho dessa temporada e torcer para que continue tão bom ou melhor!

Quer saber mais? Veja o que já comentamos sobre o mangá.