A história de Jujutsu Kaisen nasceu nos quadrinhos (mangás), sendo publicado desde 2018. Sua história é tão boa que chamou a atenção do estúdio Mappa, o mesmo que produziu Banana Fish, Yuri on ice, Attack on Titan (season finale), entre muitos outros, e o sucesso do anime foi bom o suficiente para decidirem fazer o filme Jujutsu Kaisen 0, que conta uma história de um ano ANTES dos eventos que assistimos na primeira temporada. O mangá no qual o longa se baseia foi publicado em 2017, com o título de Escola Técnica Superior de Jujutsu de Tokyo – depois sendo anunciado como o volume 0 dessa história.
No filme, o protagonista é Yuta Okkotsu, um adolescente que é assombrado pelo espírito da sua namoradinha de infância, Rika, que se tornou uma poderosa maldição, agindo como sua protetora. O problema é que, com isso, o jovem vê pessoas sendo estraçalhadas na sua frente e se sente culpado por tudo o que está acontecendo. É quando ele é recrutado por Satoru Gojo, professor de uma escola Jujutsu, para aprender a controlar Rika ou exorcizá-la.
O longa segue a linha do anime, perpassando pelos gêneros horror e ação com muita maestria, além dos momentos necessários de descontração. A história parece ser bem simples, mas a verdade é que traz um peso dramático intenso – não somente para o protagonista, mas para outros personagens também, inclusive a própria Rika. Após ver ao vivo o que uma maldição faz e ter que encarar sua colega machucada, Yuta se vê frente a uma decisão inesperada para ele: a de lutar, não somente no sentido literal, claro. Você não precisa ter conhecimento prévio do anime para entender os acontecimentos do filme, ao mesmo tempo em que, quem é fã do anime, vai receber os refrescos de fan services bem colocados na história.
Os personagens, como sempre, são cativantes, e possuem uma química maravilhosa. Ao entrar na Escola Jujutsu de Tokyo, Yuta inicia seus estudos no primeiro ano juntamente com Maki Zen’in, Toge Inumaki e Panda, no qual os três já são amigos. Apesar da resistência inicial, principalmente ao descobrirem sobre Rika, eles acolhem Yuta e o fazem se sentir querido, algo inédito para si, criando verdadeiros laços entre eles. E, como boa história de anime, sabemos que o poder do amor e da amizade supera tudo, então esse é um fato importante para o andamento da trama. Além dos alunos, como já citado, temos Satoru Gojo, o típico personagem overpower, com uma personalidade irritante e atitudes que parecem irresponsáveis (e muitas vezes são mesmo, porque ele quer ver até onde os alunos vão, puro sadismo), mas que amamos; o vilão é carismático, o típico antagonista com mais camadas de cinza, que mesmo em seus pensamentos eugenistas e preconceituosos que envolvem dominação mundial, possui princípios (!!); além do diretor e outros personagens que conhecemos bem (caso você tenha assistido ao anime). Esse enxerto das personalidades conhecidas para quem viu a animação pode ser, em parte, um problema, e pode deixar quem não assistiu com um gostinho amargo na boca, pois, meio que do nada, aparecem outros 50 personagens e eles vão estar ali só de passagem – um acréscimo que parece desnecessário para quem não conhece a história do anime.
Apesar de pensar que alguns minutos a mais fariam a história ser melhor, isso provavelmente atrapalharia no investimento na qualidade da animação, que é impecável, como sempre. Às vezes você pode até esquecer que aquilo não é real, de tão bem feito. A trilha sonora complementa tudo isso de forma maravilhosa, e eu, particularmente, otakuzeira, já coloquei ela toda na minha playlist no Deezer.
Eu considerei algumas cenas um pouco corridas, mas não atrapalham o desenvolvimento da trama, nem nada, só acho que poderiam ter demorado um pouco em certos eventos para explorá-los melhor. No geral. Jujutsu Kaisen 0 vale os centavos que gastamos no cinema ou pagando aquele streaming só para assistir, divertindo e emocionando a cada minuto passado no longa. Muito do que acontece nele, ao que parece, vai ser importante para o futuro do anime, então, agora só nos resta aguardar a segunda temporada, prevista para 2023.