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Jolt – Fúria Fatal

Eu sou declaramente apaixonada por Kate Beckinsale, o que me faz uma fã irremediável da franquia Anjos da Noite, por pior que seja. Então, ao entrar no Prime Video e me deparar com Jolt – Fúria Fatal, mais um filme de ação protagonizado pela minha musa, corri para assistir.

Sinopse

Lindy (Kate Beckinsale) possui Transtorno Explosivo Intermitente, ou TEI, uma condição neurológica (também caracterizada como síndrome) que, pelo fracasso em resistir aos impulsos de raiva ou fúria, causa episódios de fúria intensa – literalmente uma explosão sem limite, que pode consistir em diversos tipos de agressão. No caso de Lindy, ela consegue controlá-los graças a um dispositivo inventado por seu psiquiatra, um colete que lhe dá choques quando há esses picos de forma a se controlar. Incapaz de encontrar amor e conexão em um mundo que teme sua condição bizarra, ela finalmente confia em um homem por tempo suficiente para se apaixonar, mas, no dia seguinte, descobre que ele foi encontrado morto. Com o coração partido e enfurecido, embarca em uma missão cheia de vingança para encontrar o assassino, enquanto também é perseguida pela polícia como principal suspeita do crime.

Lindy e sua motivação

Filmes de ação parecem ter, como característica primária, o plot de vingança. Porém, eu odiei que a motivação da protagonista tenha sido um macho com quem ela fez sexo uma vez e se apaixonou. 100% sapatão emocionada vibes (antes que reclamem de LGBTfobia, você sabe que é verdade).

Lindy e o pau de ouro / Reprodução Prime Video

Claro, temos que levar em consideração toda a história da personagem. O filme inicia com uma explicação que poderia ter sido bem menor sobre Lindy e como foi a sua vida, sendo uma criança que causou problemas enormes para os pais, que não sabiam lidar com ela e, assim, a protagonista não sabe o que é ser amada. Enquanto vai crescendo, eles tentam de tudo: gastar a sua energia com artes marciais, a enfiaram no exército para ver se conseguiam discipliná-la, e por aí vai. No fim, o que realmente criam é uma máquina descontrolada de matar que precisa ser contida. Assim, ao encontrar no psiquiatra Ivan Munchin (Stanley Tucci) uma “solução” (o colete de eletrodos), ela inicia seu tratamento para começar a retornar à sociedade como uma pessoa “comum”.

É quando Lindy conhece Justin, a primeira pessoa que, além do seu psiquiatra, parece não ter medo dela. A protagonista é tão carente que, no dia seguinte, já se sente curada devido à liberação de endorfinas que uma boa noite de sexo e dormida trazem. Porém, ao descobrir, que o boyzinho maravilhoso foi assassinado, Lindy precisa se vingar – afinal, alguém tirou dela a única chance de ser feliz.

E ela repete isso o filme inteiro.

O desenvolvimento de Jolt

Como todo bom filme de ação desenfreada, não há realmente um desenvolvimento do plot. Conhecemos bem Lindy desde o princípio após sua longa introdução, e o que importa agora é a vingança e as cenas de ação – que são ótimas. Kate sabe como explorar ao máximo a desenvoltura agressiva de sua personagem, além da sua inteligência e criatividade para lidar com certas situações. Todas motivadas pela raiva e sem um pingo de empatia.

Um dos plots é o da dupla de policias que a perseguem, os detetives Vicars e Nevin (respectivamente Bobby Cannavale Laverne Cox). Vicars tenta ajudar Lindy, sendo mais compreensivo e agindo relativamente dentro da lei para ajudá-la, ao que ela não concorda, pois sabe que o sistema é falho – é citado uma certa ficha da protagonista que contém partes confidenciais por ter servido no exército -, enquanto Nevin insiste em seguir os protocolos legais e segurar a protagonista para investigação. Essa dualidade entre eles gera um subplot divertido, sempre evidenciando a disparidade entre as morais da dupla – que se dá muito bem, aliás, mesmo brigando entre si sobre a maneira correta de agir.

A relação de Lindy com seu psiquiatra é peculiar, e chama bastante atenção, principalmente por ela ter conversas rasas – porém coerentes com a narrativa – sobre suas motivações com ele. Enquanto o dr. Ivan tenta freá-la, ela o ignora. Em sua mente, a necessidade de vingança é maior, pois seu, várias ênfases durante o filme, quase namorado foi assassinado por causa de um chefão inalcansável.

É sempre interessante como é colocado homens subestimando a protagonista e levando a pior, mas, por outro lado, temos apenas duas mulheres no enredo principal, mesmo sendo fodonas.

Vale a pena?

Sinceramente? Sim. Não vai ser o melhor filme da sua vida, e você vai sair da narrativa em vários momentos por causa do reforço da protagonista em contar para todos que seu quase namorado foi morto e ela precisa de vingança. Mas, tirando isso, há um potencial latente na história de Lindy que faz você assistir até o final – que tem um plot twist intrigante, mesmo que me faça revirar os olhos.

Ah, e existem algumas cenas que são absurdas, o que acaba colocando Jolt – Fúria Fatal em filmes de ação trash. Mas, fica a seu critério onde vai encaixá-lo.

P.S: Vi um site chamando a Lindy de anti-heroína e vim perguntar a vocês: em algum filme de brucutu, os homens são chamados de anti-heróis?