Desde o seu primeiro filme, John Wick conquistou o coração de todo mundo. Seja pelo maravilhoso Keanu Reeves como protagonista, seja pelas cenas de ação incríveis, o fato é que a franquia se tornou uma das favoritas dos fãs de ação e mesmo de quem não é muito chegado. Com coreografias de luta bem feitas e o carisma do seu protagonista marrento, chegamos ao último filme, John Wick 4: Baba Yaga, o encerramento da saga do nosso assassino preferido. E, devo dizer, da melhor maneira possível.
Em seu último arco, John Wick busca vingança contra aqueles que resolveram f**** ainda mais a sua vida, procurando desmantelar a Alta Cúpula. Completamente entregue à violência e à morte desenfreada, o lendário assassino vai atrás de amizades antigas que possam lhe dar suporte nessa empreitada. E acaba esbarrando em uma que não trará um reencontro assim muito feliz, mas cuja figura expande mais ainda esse universo de assassinos.
A primeira cena que nos é apresentada é incrivelmente bem arquitetada, misturando as batidas rítmicas dos punhos de John com a música, dando um efeito de arrepiar. A história, como sempre, é simples e a sua execução é feita com maestria. E, óbvio que um filme em que temos Donnie Yen lutando contra Keanu Reeves não tem, absolutamente não tem, como ser ruim.
Os cenários dessa vez são diversos, explorando um pouco mais sobre como funciona esse universo do submundo ao redor do mundo, saindo um pouco das lamúrias estadunidenses. Aliás, a apresentação de novos personagens é muito boa, incrementando as cenas de ação com uma variação interessante de lutas que não são focadas em simplesmente atirar. Apesar do hotel japonês trazer o estereótipo do gerente com uma aparência meio samurai, com falas sábias e muita honra (de onde os Estados Unidos tiraram essas paradas, eu me pergunto) a ação acaba compensando, pois traz uma mistura graciosa de briga de espada com bang bang desenfreado.
A história vai se encaminhando para um encerramento muito satisfatório, com muito jogo de intriga e violência, o que é muito interessante, pois exibe, novamente, um roteiro que mostra que John Wick não é somente sobre matar pessoas, envolve toda uma rede de conexões e politicagens também, que podem servir ao seu favor ou não. No caso de John, acabou sendo um grande “não”, mas também um “nem tanto”, visto que o cara tem boas amizades (e quem não iria querer amigar com ele, né? O cara é uma lenda!).
O “vilão” do filme – não tem como ter um vilão em uma narrativa em que todo mundo é assassino, pois por mais que as intenções sejam “honradas” ou uma motivação “correta”, matar não se enquadra exatamente como um ato de bondade – foi interpretado pelo talentoso Bill Skarsgard, conhecido por fazer Pennywise naquela gororoba inspirada no livro de Stephen King, que consegue evocar uma aura de intimidação, loucura e sofisticação para o seu personagem, o Marquês ou Caine. O antagonista é perigoso, principalmente pela arrogância de estar em uma posição elevada e, obviamente, ser rico. Só o fato de ser rico já faz dele um safado burguês que merece a forca.
Ao final de tudo, John Wick 4: Baba Yaga não é sobre a redenção de John Wick, seu arco nunca envolveu tais atos bondosos, afinal, quem evocava o seu melhor lado morreu. Sua trama é consequência dos caminhos tomados pelo seu protagonista a partir do momento em que ele resolveu chacinar geral para se vingar. E convenhamos, quem não faria o mesmo? Se você responder que não, você é uma pessoa muito melhor do que eu de longe. A história vai desembocando por caminhos que já foram previstos anteriormente, então, apesar de surpresa, não há realmente uma surpresa. Se é que deu para entender.
Enfim, John Wick 4: Baba Yaga não deixa a desejar em relação aos seus predecessores e fecha a saga maravilhosamente bem, inclusive, deixando pontas soltas para os spin-offs que virão por aí com certeza.