Jester | Review

A MS Jogos já é uma empresa que se firmou na produção de boardgames nacionais independentes. Os jogos com design de Marcos Macri e arte de Diego Sanchez são simpáticos e agradam diversos amantes do hobby nacional. Seu sétimo jogo, Jester, vem para mostrar que eles não estão de brincadeira, se firmando como o seu melhor jogo e não ficando atrás de nenhum jogo internacional.

Em Jester os jogadores são aspirantes a bobo da corte participando de um concurso para decidir qual vai ser o novo bobo oficial do rei. Os jogadores vão fazer aulas de diferentes artes, se apresentar nos teatros e para a realeza, influenciando assim nas políticas.

Mecânicas Básicas

O jogo é um eurogame bem pesado com diversas mecânicas e formas diferentes de pontuar. As ações do jogo são realizadas por cartas nas mãos do jogador que podem ser as seguintes:

Cidade: Aqui os jogadores vão fazer aulas das diferentes artes que um bobo deve saber: malabarismo, música, mágica, poesia e outros. Nesse lugar os jogadores também podem encomendar objetos para os ajudar nessas artes, fazendo o jogador ganhar mais pontos de vitória.

Teatro: Nesse lugar os jogadores vão se apresentar para a população e ganhar fama e bônus especiais para cada tipo de apresentação como drama ou comédia. As apresentações podem dar dinheiro, cartas ou marcadores de influência para o jogador.

Guildas: As guidas são locais onde os jogadores vão colocar marcadores de influência e ganhar habilidades especiais. Cada local possui uma quantidade mínima de marcadores de influência que precisam ter para desbloquear a habilidade para o jogador. Elas ajudam a conseguir bônus na compra de objetos, conseguir mais cartas ou ter mais influência na realeza.

Corte: O local mais importante, aqui os jogadores vão influenciar a realeza e os integrantes da corte para ter preferência sobre as artes que ele domina, para ganhar mais pontos de vitória no final de cada rodada.

No final de cada rodadas os jogadores juntam pontos de influência que podem ser trocados por dinheiro, pontos de vitória ou marcadores de coroa. Ao final de três rodadas o jogo termina e o jogador com mais pontos de vitória é o vencedor e novo bobo da corte.

Análise

Jester me surpreendeu, ele é um heavy eurogame que usa basicamente work placement como sua mecânica básica principal, mas possui diversas mecânicas criativas e interessantes, além de diversas formas diferentes de pontuar. O jogador pode focar em diversas artes específicas ou se especializar em poucas. Além disso, pode apostar nas guildas para ganhar Bônus e pontos de vitória no final de cada rodada. E, lógico, investir na corte para ter mais marcadores de influência e ganhar diversos pontos no final de cada rodada.

O jogo tem bastantes regras e pode até ser confuso nas primeiras partidas, mas a sua variedade de opções logo deixa de ser motivo para o jogador ficar perdido e vira rapidamente uma luta contra o tempo para otimizar os pontos de vitória da melhor forma possível. Isso porque o final de cada rodada é definido pelos próprios jogadores, ao terem baixado 3 cartas de local iguais. Então o final de uma rodada pode ser interessante para algum jogador mais cedo, ou mais tarde para outro.

A interação entre jogadores é bem interessante também, apesar de ser difícil alguém tomar um lugar que você queria, os jogadores vão sempre estar mudando o número de pontos de vitória que cada arte dá no final, e isso faz uma grande diferença nos pontos. Além disso, a mecânica das coroas gera uma pequena tensão durante o jogo e uma competição secreta, pois o jogador com menos marcadores no final do jogo perde 10 pontos de vitória, o que é bastante coisa.

É verdade que algumas mecânicas podem ser melhor enxugadas, são muitos termos e diferentes tracks de pontuação. O jogador tem os pontos de vitória, os pontos de fama e os pontos de prestígio no final de cada rodada. Todos eles fazem sentido mecanicamente, mas podem se confundir no meio da partida e  talvez sejam coisas demais para os jogadores mais iniciantes se importarem.

A arte de Diego Sanchez, sempre parceiro de Macri,  melhorou bastante de uns anos para cá e alcançou o seu auge aqui. Parece que ambos deram o seu melhor para trazer esse jogo à tona. O tabuleiro de Jester pode assustar à primeira vista mas é um belo trabalho de arte e design, misturando cenário com locais funcionais, principalmente com o bom uso das cores, tornando difícil o jogador se perder em meio a tanta informação.

Veredicto

Jester é um Eurogame na melhor forma da palavra com diversas mecânicas e bem estratégico. Não é aquele tipo de jogo que se joga “for fun” ou para relaxar, é daqueles tipos que você vai ficar fazendo cálculos mentalmente a fim de conseguir a melhor pontuação no final. Sua mecânicas poderiam ser melhor enxugadas mas a diversidade de opções para pontuar e diferentes estratégias me agradam bastante e tornam a rejogabilidade do jogo alta. Não fica atrás de nenhum Eurogame de fora! Recomendadíssimo!