Filme do catálogo Netflix ajuda a reparar erro histórico com batalhão irlandês, que resistiu bravamente em Jadotville ao ser abandonado pela ONU
Baseado nos eventos do Cerco de Jadotville, um batalhão de soldados irlandeses em missão de paz na África é cercado por mercenários e abandonado por seus superiores.
A sinopse de Siege ot Jadotville faz parecer um filme de guerra genérico e convencional aos olhos de quem não conhece a história, mas há muito mais por trás da história do que rolou nessa região específica do Congo na década de 1960. O mais interessante nesse sentido é o de não tratar a Organização das Nações Unidas (ONU) como algo divino. Tudo muito bem explicado para que o expectador não fique boiando em frente à tela.
Didatismo à parte, o filme peca um tanto na curva dramática. Jason O’ Mara ajuda no que Jamie Dornan (Cinquenta Tons de Cinza) deixa a desejar, mas no geral todos se saem bem. Mark Strong e Michael McElhatton (Game of Thrones) completam o que há de mais conhecido no elenco com papéis protocolares. Não há profundidade alguma nos personagens, então o nível de empatia fica quase no zero. E como nenhum dos “mocinhos” morre, a sensação é de que estamos jogando alguma missão suicida no jogo Battlefield (ou qualquer jogo de tiro), mas na dificuldade “easy”.
O grande lance do filme é no entanto salientar a virgindade do batalhão irlandês, que em Jadotville teria, sob o comando de Quinlan (Dornan), o principal teste na vida de cada um daqueles soldados. Isso é muito bem retratado em momentos onde o protagonista abusa de teorias na conversa, e também ao tomar uma decisão de comando equivocada que é consequentemente desobedecida por Jack (O’Mara).
Jadotville também é um tanto leve como poucos filmes de guerra conseguem ser (e pender para cenas chocantes é tentador num projeto desses), mas isso se explica pelo fato de poucas mortes terem ocorrido de fato (nenhuma do lado irlandês). Por ser o primeiro filme dirigido por Richie Smyth, vale para conhecer a história. Talvez com um roteirista mais competente ele se saia melhor da próxima vez.