O segundo episódio de It: Bem-Vindos a Derry, série da HBO Max ambientada no universo de Stephen King, aprofunda os eventos iniciados na estreia, substituindo o ritmo intenso dos sustos por uma narrativa voltada à conspiração e à construção de tensão. A trama amplia o papel dos militares na cidade e sugere que a origem do mal que assombra Derry pode estar diretamente ligada às ambições humanas. Confira a nossa crítica e resumo do que rolou em “A Coisa na Escuridão”.
Enquanto o primeiro capítulo apresentou o desaparecimento de crianças e o terror crescente entre os moradores, o segundo mergulha nas motivações do General Shaw e na misteriosa “Operação Precept”, revelando que os horrores de Derry não estão apenas no subterrâneo, mas também nas ações de quem busca controlar o que não entende.
Recapitulação do episódio 2 da série It: Bem-Vindos a Derry, intitulado A Coisa na Escuridão
A missão secreta do General Shaw
O episódio revela que Leroy Hanlon foi transferido para Derry a mando do General Shaw por um motivo específico. Em uma conversa reservada, Shaw explica que a missão militar tem como objetivo localizar uma entidade desconhecida que se alimenta do medo e estaria enterrada sob a cidade. Sem nomeá-la diretamente, ele descreve o que claramente se trata de Pennywise.
Convencido de que essa força poderia ser usada como arma psicológica durante a corrida nuclear, Shaw busca transformar o terror em ferramenta de guerra, desconsiderando os riscos para Derry. A ambição do general cria um paralelo direto com outras histórias de King, nas quais a curiosidade científica e o poder militar abrem portais para o sobrenatural.
O que os militares encontram nas escavações
Guiados pelas habilidades de Dick Hallorann, os soldados localizam um ponto de escavação nas proximidades de Derry. A operação culmina na descoberta de uma série de cadáveres e objetos perdidos, todos em avançado estado de decomposição. O episódio encerra sem confirmar a origem dos corpos, mas tudo indica que são vítimas anteriores de Pennywise.
A revelação sugere que os militares estão prestes a liberar novamente o mal adormecido sob o solo da cidade — um erro que pode repetir os ciclos de desaparecimentos que assombram Derry há gerações.
A piscadela de Dick Hallorann e o que ela representa
Entre as descobertas, o comportamento de Dick Hallorann chama atenção. Quando ele relata suas conclusões ao General Shaw, lança uma piscadela discreta para Leroy Hanlon, indicando que está ocultando informações. A atitude sugere que ele compreende a natureza da entidade e tenta evitar que o exército a desperte. Hallorann, personagem já conhecido de O Iluminado, é um dos poucos que possui o “brilho”, uma habilidade psíquica que o conecta ao sobrenatural. No contexto da série, ele parece usar esse dom para proteger a cidade — e talvez impedir que Pennywise seja transformado em uma arma.
Operação Precept e o paralelo de It: Bem-Vindos a Derry com “O Nevoeiro”
A “Operação Precept” é o nome dado ao projeto comandado por Shaw, que busca utilizar a energia do medo como vantagem militar. A referência lembra o “Projeto Arrowhead”, do conto O Nevoeiro, no qual os militares abrem acidentalmente um portal para outra dimensão. O episódio reforça o tema recorrente na obra de Stephen King: o perigo da curiosidade humana diante do desconhecido. Shaw acredita que pode conter o terror de Derry, mas ignora que a própria tentativa de controle é o que alimenta o mal.
O teste de lealdade de Leroy Hanlon
O episódio também esclarece um ponto pendente: o ataque sofrido por Leroy no capítulo anterior foi orquestrado pelo próprio General Shaw. A emboscada tinha dois objetivos — testar a lealdade do soldado e avaliar sua coragem. Leroy resiste às ameaças e se recusa a entregar informações, provando sua integridade. Impressionado, Shaw revela a verdadeira missão e confia a Leroy o papel de soldado principal da operação, acreditando que ele seria imune ao medo de Pennywise. Essa decisão, no entanto, pode colocá-lo diretamente no caminho da entidade.
As visões de Ronnie e Lilly
Enquanto os militares avançam com as escavações, Ronnie e Lilly continuam sendo atormentadas por visões ligadas ao palhaço. Pennywise se manifesta explorando os traumas de cada uma delas. Lilly revive lembranças do tempo em que foi internada no Asilo Juniper Hill após a morte do pai, que foi mutilado em um acidente com um trem. Em uma cena simbólica, potes caem das prateleiras de um supermercado, revelando partes de corpos — uma representação de seu passado fragmentado.
Já Ronnie encara uma versão distorcida da própria mãe, que a culpa por sua morte durante o parto. Pennywise usa essa culpa como instrumento de manipulação, mostrando novamente sua capacidade de se alimentar emocionalmente do medo.
O passado de Charlotte Hanlon em Shreveport
Em uma conversa familiar, Charlotte menciona um evento traumático vivido em Shreveport, antes da mudança para Derry. A série não entra em detalhes, mas o contexto sugere que ela participou do Movimento dos Direitos Civis, enfrentando violência racial.
O episódio reforça como os temas sociais se entrelaçam com o sobrenatural: Derry é retratada como uma cidade em que o medo se manifesta tanto em monstros quanto nas estruturas humanas. A apatia dos moradores e o racismo são parte do mesmo ciclo de horror que mantém Pennywise vivo.
Crítica do episódio 2 da série It: Bem-Vindos a Derry
Humanos contra o medo
O segundo episódio de It: Bem-Vindos a Derry expande o escopo da narrativa ao revelar que os horrores da cidade não surgem apenas de forças cósmicas, mas também da arrogância humana. O General Shaw representa a crença de que o medo pode ser dominado, enquanto personagens como Hallorann e Leroy compreendem que há limites para o poder militar diante do desconhecido.
Ao encerrar com a descoberta dos corpos e o avanço das escavações, o episódio deixa clara a tensão central da série: o verdadeiro perigo talvez não esteja em Pennywise, mas naqueles que acreditam poder controlá-lo.