O episódio 8 de It: Bem-Vindos a Derry, que marca o encerramento da primeira temporada da série da HBO Max, entrega um capítulo ambicioso (intitulado “Brasas no Inverno”), denso em acontecimentos e revelações que expandem de forma significativa o mito de Pennywise dentro do universo criado por Stephen King. Intitulado informalmente como “Capítulo Um”, o episódio não busca simplicidade: ele aposta no excesso, no horror cósmico e em ideias que reposicionam a criatura como algo ainda mais perturbador do que se imaginava.
A sensação dominante ao final não é confusão, mas inquietação. Há muito acontecendo, muitas frentes narrativas se cruzando, e uma percepção clara de que a série está interessada menos em respostas definitivas e mais em ampliar as possibilidades do terror.
Recapitulação do episódio 8 de It: Bem-Vindos a Derry
Pennywise, as Luzes da Morte e o controle absoluto
O episódio começa a partir das consequências diretas do ataque do episódio anterior. Pennywise, desperto após a remoção de um dos pilares que o mantinham contido, está no auge de seu poder. As chamadas Luzes da Morte deixam claro o que a série vinha sugerindo: Pennywise não é apenas um monstro que assume formas assustadoras, mas uma entidade feita de energia cósmica capaz de subjugar mentes, manipular realidades e aprisionar vítimas em um estado de transe coletivo.
O sequestro dos estudantes da Escola Secundária de Derry é um dos momentos mais perturbadores do episódio. A névoa que cobre a cidade, o falso espetáculo conduzido pelo palhaço e o uso das Luzes da Morte reforçam a ideia de que Pennywise não precisa apenas da violência física — o domínio psicológico é parte essencial de sua alimentação.
Will Hanlon, já atingido anteriormente pelas Luzes, torna-se o centro emocional do episódio. Pennywise sabe exatamente como atingir Leroy Hanlon: ameaçando seu filho. A ligação telefônica entre os dois não é apenas provocação, mas um ritual de terror calculado, em que o medo do pai funciona como combustível para a criatura.
A adaga, Maturin e a tentativa de conter o mal
Enquanto Pennywise age livremente, o grupo formado por Lilly, Marge e Ronnie tenta reagir. A adaga feita do mesmo material cósmico dos pilares surge como a última esperança. O objeto, porém, não é neutro. Ele resiste, manipula e tenta conduzir as crianças de volta à Casa Neibolt, reforçando a ideia de que artefatos ligados a It carregam vontade própria.

A jornada das três é marcada por improviso, coragem e desespero. Marge, mesmo ferida, assume um papel central, conduzindo o grupo e tomando decisões que reforçam seu arco de amadurecimento ao longo da temporada. A série constrói essas crianças como herdeiras simbólicas de todos os grupos que, ao longo da história de Derry, enfrentaram Pennywise antes do Clube dos Perdedores.
Do outro lado, Dick Hallorann aceita usar seu dom de forma plena. O ritual conduzido com a ajuda de Rose, envolvendo as raízes de Maturin — a entidade cósmica oposta a It —, permite que Hallorann acesse um plano espiritual mais amplo. A missão é clara: ganhar tempo e permitir que a adaga seja enterrada no ponto correto para restaurar a prisão da criatura.
Pennywise viaja no tempo?
É nesse momento que o episódio introduz sua ideia mais ousada. Pennywise não apenas conhece o futuro: ele parece existir fora da linearidade do tempo. Ao confrontar Marge, o palhaço revela informações sobre sua vida futura, incluindo o nascimento de Richie Tozier — personagem central dos filmes de It. O cartaz de desaparecido de Richie, ainda não nascido naquele ponto da cronologia, é a pista mais clara de que a criatura percebe o tempo como um ciclo.
A sugestão é inquietante: Pennywise não “morre” quando derrotado. Ele retorna ao início de seu ciclo, renasce e tenta corrigir falhas, inclusive eliminando aqueles que, no futuro, serão responsáveis por sua derrota. Isso transforma cada confronto passado contra It em parte de uma guerra contínua travada através das décadas.

Crítica do episódio 8 de It: Bem-Vindos a Derry
O confronto final e o sacrifício
O clímax reúne todas as frentes narrativas. Hallorann invade a mente de Pennywise para imobilizá-lo, aprisionando-o em uma visão que o força a reviver a identidade de Bob Gray, o palhaço humano que a criatura imitou. Enquanto isso, Leroy e Taniel tentam concluir o ritual, enfrentando não apenas a resistência sobrenatural, mas também a violência humana representada por Shaw e os militares.
A série estabelece um paralelo direto entre o mal cósmico e o mal institucional. Shaw acredita poder controlar It, mas é rapidamente descartado pela criatura, em uma cena que reforça a ideia de que a arrogância humana é tão destrutiva quanto qualquer entidade ancestral.
O sacrifício de Taniel e a transformação de Leroy completam esse arco. Ao confiar a adaga a Will, Leroy abandona a expectativa de que o filho precise se tornar uma versão endurecida de si mesmo. Will vence não pela força, mas pela combinação de vulnerabilidade e coragem.
Com a ajuda simbólica de Rich — cujo espírito intervém no momento decisivo —, a adaga é finalmente cravada na madeira morta. Pennywise é contido mais uma vez, aprisionado em uma jaula de energia semelhante àquela que o alimenta.
![It Bem-Vindos a Derry Episódio 8 [FINAL] - crítica e resumo](https://cosmonerd.com.br/wp-content/uploads/2025/12/It-Bem-Vindos-a-Derry-Episodio-8-FINAL-critica-e-resumo.png)
Um final que fecha ciclos, mas abre o mito
Pennywise não morre. Ele retorna à sua forma primordial, sugerindo que o ciclo continuará em outra linha temporal. Marge é a única a compreender plenamente essa implicação, enquanto Lilly recusa o peso de carregar sozinha essa responsabilidade. Outros grupos existiram antes. Outros existirão depois.
O episódio encerra a temporada preparando o terreno para o futuro. A família Hanlon decide permanecer em Derry, assumindo o papel de vigias. Ingrid, agora internada em Juniper Hill, se transforma na figura que os fãs reconhecem como a Sra. Kersh. O último ato conecta diretamente a série aos eventos dos filmes, com a introdução do trauma de Beverly Marsh.
It: Bem-Vindos a Derry encerra sua primeira temporada não com respostas definitivas, mas com a certeza de que o mal não desaparece — ele apenas espera.