O quarto capítulo da franquia de sucesso encerra a trajetória dos investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren, interpretados por Patrick Wilson e Vera Farmiga. Invocação do Mal 4: O Último Ritual (The Conjuring: Last Rites, 2025) funciona como um fechamento emocional da narrativa iniciada em 2013, resgatando elementos dos filmes anteriores e apresentando um caso de assombração que conecta o passado e o presente da família. Leia a nossa crítica:
Abertura com passado e prenúncios
O filme inicia em 1964, quando Lorraine, interpretada por Madison Lawlor na juventude, está grávida e investiga com Ed (Orion Smith) a assombração de uma loja. Durante a visita, um espelho de corpo inteiro atrai a atenção de Lorraine, desencadeando um ataque sobrenatural que a leva ao trabalho de parto de forma traumática. Esse objeto se torna o elo central entre os acontecimentos passados e os eventos que movem a trama.
A narrativa então salta para 1986, onde o espelho ressurge como presente de crisma para Heather Smurl (Kila Lord Cassidy). A partir daí, a casa da família Smurl se torna palco de manifestações violentas, chamando a atenção dos Warren, que já estavam aposentados das investigações paranormais.

The Conjuring: The Last Rites e o retorno dos Warren
Agora dedicados a palestras e a uma vida mais tranquila, Ed e Lorraine são forçados a retomar suas atividades quando descobrem que a entidade ligada ao espelho ameaça não apenas a família Smurl, mas também sua própria filha, Judy (Mia Tomlinson). O roteiro, assinado por Ian B. Goldberg, Richard Naing e David Leslie Johnson-McGoldrick, traz a vida pessoal dos Warren para o centro da narrativa, explorando o impacto psicológico que anos lidando com o sobrenatural tiveram sobre a família.
O filme também desenvolve a relação de Judy com seus dons de clarividência, algo herdado da mãe. A presença de Tony Spera (Ben Hardy), namorado de Judy, reforça os dilemas familiares ao mesmo tempo que adiciona camadas à narrativa, já que o casamento iminente da filha traz novos riscos diante da ameaça espiritual.
O caso Smurl e a assombração: uma história real?
Baseado na suposta assombração real ocorrida na casa da família Smurl, na Pensilvânia, entre 1974 e 1989, o longa utiliza os relatos que originaram um livro coescrito pelos próprios Warren. O diretor Michael Chaves aposta em sequências que mesclam sustos e tensões emocionais, utilizando o espelho como ponto central para criar atmosferas de suspense.
Um dos momentos mais marcantes envolve Judy, que, ao experimentar vestidos de noiva diante de um espelho, é confrontada por uma presença sobrenatural que parece replicar seus movimentos. Essa sequência exemplifica a conexão entre os riscos emocionais dos personagens e os eventos paranormais, algo que aproxima o filme do espírito dos dois primeiros títulos da franquia.
Fé, família e legado como temas centrais de Invocação do Mal 4
Invocação do Mal 4 retoma temas presentes desde o início da franquia, como a relação entre fé e proteção contra o mal, mas com um foco maior no legado dos Warren. O longa apresenta dilemas sobre os limites entre enfrentar os fantasmas do passado ou buscar esquecê-los, questão que permeia não apenas o caso dos Smurl, mas também a própria vida de Ed, Lorraine e Judy.
A religião segue desempenhando um papel importante, mas o filme se distancia da exposição didática e investe na carga emocional das escolhas dos personagens. A jornada final dos Warren é construída como um confronto não apenas contra entidades malignas, mas também contra traumas acumulados ao longo dos anos.
Aspectos técnicos e direção do filme de terror
O design de produção recria de forma detalhada o ano de 1986, utilizando figurinos, objetos e elementos visuais para situar o espectador no período. A fotografia aposta em sombras e contrastes fortes, remetendo ao clima dos primeiros filmes da franquia.
Na direção, Michael Chaves busca um equilíbrio entre sustos diretos e construção de tensão. O filme ainda utiliza referências a clássicos do terror, mas evita o excesso de homenagens que marcou produções anteriores do diretor, criando um ritmo mais orgânico.
Um encerramento para os personagens de Wilson e Farmiga
Ao longo do filme, a presença de Judy ganha importância crescente, simbolizando a passagem de responsabilidade para uma nova geração. A relação entre mãe e filha é um dos pontos centrais, com Lorraine transmitindo a Judy métodos para lidar com sua clarividência. Essa conexão emocional reforça o tom de despedida da obra.
O clímax amarra os principais conflitos, unindo a luta contra a entidade à resolução dos traumas familiares. A narrativa sugere que, embora o ciclo dos Warren se encerre, os ecos de suas experiências permanecerão com Judy e com aqueles que buscam compreender o sobrenatural.
Crítica: Invocação do Mal 4: O Último Ritual é bom? Vale à pena assistir?
Invocação do Mal 4: O Último Ritual funciona como uma despedida que equilibra elementos de terror com uma abordagem mais íntima sobre fé, família e legado. Embora utilize a assombração da família Smurl como pano de fundo, o foco principal está no impacto emocional que anos de confrontos com o sobrenatural causaram nos Warren.
O filme encerra a trajetória do casal de forma coesa, conectando passado e presente enquanto prepara terreno para possíveis desdobramentos envolvendo Judy. Combinando suspense, drama e referências a eventos históricos, o longa oferece um fechamento consistente para a franquia.