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Indiana Jones e a Relíquia do Destino tem alma e respeito ao personagem

Indiana Jones e a Relíquia do Destino finalmente chega aos cinemas nessa quinta-feira, 29 de junho, quinze anos depois do último longa! Dirigido por James Mangold, o filme traz de volta Harrison Ford em seu papel heroico mais conhecido, bem como algumas excelentes novas adições à série e o retorno de alguns rostos já conhecidos.

A Relíquia do Destino começa com um Indiana Jones no auge das suas aventuras e também de condição física, não à toa foi usado um ótimo (mas não perfeito) cgi de rejuvenescimento. Com uma eletrizante sequência de ação envolvendo explosões, motos, nazistas e uma corrida em cima de um trem em movimento (que remete bastante ao As Aventuras de Tintim), dá o pano de fundo para as próximas duas horas de filme. 

Corta para algumas boas décadas depois, em que há uma sequência melancólica, com a revelação de Indie como um velho alcoólatra de luto e ainda trabalhando na obscuridade acadêmica, sem nenhum glamour ou privilégios de vida que esperaríamos de alguém que salvou a história da humanidade por algumas diversas vezes. Helena Shaw (Phoebe Waller-Bridge), afilhada de Indiana Jones, entra em cena para buscá-lo para uma última aventura, em busca de um artefato misterioso moldado por Arquimedes 2300 anos antes, e assim voltamos para sequências impecáveis de ação, mistério, cavernas secretas e mapas que levam a outras mapas, que finalmente entregam alguma dica para o tesouro final, honrando bastante a trilogia inicial. 

Voltando a Phoebe Waller-Bridge, ela é uma adição fantástica à franquia, com potencial de carregar o peso titular no futuro, mas que não necessariamente precisa acontecer. A atriz adiciona uma energia juvenil essencial à produção, equilibrando bastante o clima com os antigos personagens, mesmo que seu personagem às vezes pareça um pouco monótono e uma grande sabe-tudo, matando o conceito de mestre e aprendiz.

Ford tem seus momentos de brilhantismo, e de fato brilha muito mais que os demais do elenco, não apenas por ser o protagonista, mas por mostrar que Indiana Jones ainda tem muitos truques para mostrar, e que mesmo em sua terceira idade consegue dar um baile de disposição. A vulnerabilidade do personagem está muito mais exposta nesse “provável”, mas não impossível, último capítulo, dando uma sensação de passagem de tempo muito mais vívida a quem é fã da franquia há mais tempo. 

Os pontos altos desse quinto filme da franquia são as sequências de ação, que prendem o fôlego do espectador, as excelentes referências ao passado e o elenco de peso que sustenta qualquer falha de roteiro. Deixando destaque para Mads Mikkelsen como o vilão da vez, interpretando um ex-cientista nazista e Antonio Banderas (em um papel inútil), que brilha pelo carisma.  

Falando em falha, talvez o ritmo de acontecimentos do filme quebre a imersão na história, que de nova não tem nada, mas que entrega uma reviravolta final inesperada e ao mesmo tempo clichê e previsível. As longas 2 horas e 26 minutos poderiam ser encurtadas para apresentar uma história de despedida mais coesa e inesquecível. 

A direção de James Mangold ajuda em toda a ambientação melancólica do filme, ao mesmo tempo em que somos agraciados mais uma vez com sua impecabilidade em dirigir sequências de ação, trazendo uma visão externa do mundo de Indiana Jones e revigorando a franquia. Infelizmente comparações com Spielberg vão existir e Mangold não chega à maestria de um dos melhores diretores do mundo do cinema, ainda mais na área de fantasia e ficção. Não é um demérito, James Mangold traz fortemente sua marca para o longa e agrada. 

Há muito mais a dizer sobre este capítulo de Indiana Jones, mas fica para um próximo texto mais opinativo de um fã que amou cada segundo do filme, mas que também sabe identificar seus defeitos e suas perdas de oportunidade. A Relíquia do Destino respeita a história de seus antecessores e traz algumas impressões de déjà-vu, tanto para o bem quanto para o mal. James Mangold traz sangue novo suficiente para dar a impressão de renovação, e isso é ótimo! Harrison Ford e Phoebe Waller-Bridge formam uma dupla incrível e funcionam do início ao fim. O filme tem sua cota de surpresas inesperadas, sutis e escancaradas, e mesmo que seja um pouco longo demais, com ritmo falho e não muito inspirado, não incomoda a ponto de gerar desinteresse. Se essa é de fato a hora de Indiana Jones pendurar o chapéu, o personagem vai embora com dignidade e uma aventura com alma.