Atualmente está difícil garimpar conteúdos bons produzidos pela Netflix. Mas, de vez em quando, aparecem obras que justificam aquele valor da mensalidade paga por mês. I Am Mother, um suspense de ficção científica lançado recentemente, é um desses exemplos. Confira nossa crítica sem spoilers. Caso você já tenha visto o filme, confira nossas interpretações e explicações aqui.
I Am Mother conta a história de uma garota (Clara Rugaard) que nasceu e foi criada por uma robô em uma instalação futurística. É dito a ela que o mundo lá fora está inabitável mas ela acaba conhecendo uma sobrevivente (Hilary Swank) que lhe faz duvidar do que foi dito a ela.
Como toda boa ficção científica, I Am Mother pega um tema comum e coloca em uma situação fantástica envolvendo tecnologia. E, como já mostra o título do filme, o tema aqui é maternidade. Para conseguir isso, essa temática é muito bem abordada em cada aspecto do filme. Primeiramente, temos a forma como o robô chamado de “Mãe” interage com a filha. Além disso, temos a própria escolha de atrizes para serem iguais, fazendo com que a personagem da mulher funcione como uma referência de mãe humana para a protagonista.
Todo o fato dos personagens não terem nomes dá ainda um clima de fábula ou até bíblico para a obra. Além desse fator, temos também a configuração minimalista da obra, escolhendo contar uma história com poucos personagens e locações. A escolha de locações fechadas ainda dá um clima de suspense e claustrofobia que são essenciais para a narrativa construída. Por isso, sinto que existe um clima muito grande de filme independente e barato no longa. Espero que a Netflix continue investindo em obras baratas mas com uma grande qualidade como essa.
Falando em produção, a direção do longa não fica nem um pouco atrás de outros thrillers de ficção como Alien e Exterminador do Futuro. Aliás, a obra bebe muito dessas obras, pegando um pouco de cada para contar sua própria história. Além disso, o longa usa muito bem o seu orçamento visivelmente baixo para colocar efeitos especiais onde realmente importa e escolher bem suas locações para passar o clima certo sem exageros.
É difícil falar da trama sem dar muitos spoilers, mas a história é muito bem construída. Cada personagem possui suas motivações e convicções. Dessa forma, o longa é uma daqueles tipos de história em que você fica no escuro. A todo momento você duvida do que é mostrado e é treinado para questionar o que é visto. O longa possui um universo bem definido e entrega um final que não é facilmente digerido.
I Am Mother é uma ótima adição ao catálogo da Netflix e facilmente um dos melhores filmes que vi esse ano. Finalizando, se você gosta de sci fis com um bom clima tenso mas ainda com interessantes questionamentos sobre a condição humana, você vai gostar desse aqui. Para uma discussão maior sobre o final e suas interpretações, confira nosso texto com spoilers aqui.