O criador de Peaky Blinders, Steven Knight, retorna à Netflix com um novo épico familiar. House of Guinness estreou em setembro e leva o público para Dublin em 1868, explorando as disputas de poder e os dilemas internos da família responsável por uma das marcas de cerveja mais famosas do mundo.
A morte do patriarca e a divisão da herança: a trama de House of Guiness
O ponto de partida da trama é a morte de Sir Benjamin Guinness, patriarca da família e dono da cervejaria que domina a cidade. Sua partida não é motivo de luto coletivo: enquanto alguns irlandeses celebram o fim de sua parceria com os britânicos, seus filhos se reúnem para enfrentar as consequências da leitura do testamento.
Arthur (Anthony Boyle), o primogênito, precisa assumir responsabilidades enquanto tenta manter uma vida boêmia em Londres. Edward (Louis Partridge), mais jovem e obediente, deseja expandir os negócios para além da Irlanda. Anne (Emily Fairn), a única filha mulher, é excluída da herança e relegada a segundo plano pela família. Já Ben (Fionn O’Shea) luta contra o alcoolismo e a indiferença dos irmãos.
O testamento de Benjamin entrega a cervejaria e toda a fortuna apenas a Arthur e Edward, obrigando-os a compartilhar o poder e tornando inevitável o confronto entre suas ambições e personalidades.
Conflitos familiares e a Irlanda em ebulição
Enquanto os Guinness disputam o comando, Dublin vive um período de instabilidade. Os fenianos, movimento revolucionário que mais tarde daria origem ao IRA, organizam protestos e desafiam a influência britânica e dos grandes empresários. Nesse cenário, ganha destaque Sean Rafferty (James Norton), capataz da fábrica e figura central na repressão contra os revoltosos.
Rafferty simboliza a força bruta que sustenta a empresa, ao mesmo tempo em que representa um possível rival à autoridade dos herdeiros. Sua presença cria tensão dentro e fora da cervejaria, funcionando como um contraponto às fragilidades da nova geração da família.
Estilo “Peaky Blinders” e referências
Assim como Peaky Blinders, House of Guinness aposta em uma abordagem estilizada, misturando trilha sonora moderna com ambientação histórica. Há paralelos inevitáveis com a série sobre a gangue de Birmingham, mas aqui o foco não está no submundo criminoso, e sim na sucessão de um império empresarial.
As comparações com Succession também se tornam naturais: ambos os títulos exploram famílias ricas divididas por ambição, orgulho e ressentimentos. Steven Knight utiliza esses elementos para criar um drama que mescla intrigas pessoais com o pano de fundo político da Irlanda pós-fome da batata.
Pontos fortes e limitações da série da Netflix
O elenco entrega atuações consistentes, com destaque para Anthony Boyle e Louis Partridge na rivalidade entre os irmãos. Emily Fairn também se sobressai, trazendo nuances à figura de Anne, silenciada pelos costumes da época. James Norton, por sua vez, imprime intensidade ao personagem Rafferty, que rouba diversas cenas.
No entanto, a série não atinge a mesma intensidade narrativa de Peaky Blinders. O ritmo irregular em alguns episódios e a tentativa de incluir um grande número de personagens diluem parte do impacto. Ainda assim, o drama cumpre bem sua proposta de retratar a ascensão e os dilemas de uma dinastia irlandesa marcada por riqueza e instabilidade.
Crítica: House of Guiness faz jus à reputação de seu criador?
House of Guinness é um drama histórico que combina intrigas familiares, disputas de poder e o contexto político da Irlanda do século XIX. Mesmo sem o mesmo brilho explosivo das obras anteriores de Steven Knight, a série oferece um retrato envolvente de como herança, ambição e ressentimento podem moldar o destino de uma família e de um império. Para os fãs de dramas de época e para quem se interessou por Peaky Blinders e Succession, trata-se de uma aposta relevante da Netflix em 2025 – clique aqui para assistir.