O terror tailandês Hospedeira (Host, 2025), disponível no Prime Video, é dirigido por Pokpong Pairach Khumwan e escrito por Chanchana Homsap. O filme, de 125 minutos, traz Thitiya Jirapornsilp como Ing e Veerinsara Tungkitsuvanich como Aim, além de Pisitpol Ekaphongpisit, Narinthorn Na Bangchang e Weeraya Zhang no elenco. Ambientado em um reformatório isolado para meninas, o longa combina elementos de horror psicológico, crítica social e mitologia tailandesa para explorar o impacto do poder e da violência sobre jovens mulheres. Confira a crítica do filme de terror:
A história de Hospedeira, filme de terror tailandês
A trama acompanha Ing, uma jovem enviada ao Reformatório Pinijkhun, instituição supostamente criada para “reabilitar” meninas rebeldes. Ao chegar à ilha, ela descobre que o local funciona como um campo de punição sob o comando da diretora Prissana e de sua assistente Aim, responsável por manter a ordem entre as internas. O ambiente é opressivo, marcado por castigos, isolamento e uma hierarquia cruel.
Logo, Ing começa a perceber presenças sobrenaturais nos corredores escuros e nas noites silenciosas do reformatório. Sussurros, sombras e aparições passam a cercá-la, sugerindo a existência de um espírito protetor ligado ao seu passado. Enquanto tenta sobreviver ao abuso físico e psicológico da instituição, ela precisa compreender a natureza dessa força que a acompanha — e até que ponto ela representa proteção ou condenação.
Terror e crítica social em Hospedeira
Hospedeira não se apoia em sustos fáceis, mas em um terror de atmosfera, baseado na tensão e na opressão. O filme transforma o internato em um espaço de tortura emocional, no qual o medo é usado como forma de controle. O diretor Pokpong Pairach Khumwan faz um retrato sombrio das estruturas autoritárias e de como o abuso de poder molda tanto vítimas quanto algozes.
A relação entre Ing e Aim é o centro emocional da narrativa. Aim, interpretada por Veerinsara Tungkitsuvanich, é uma jovem que se torna instrumento da diretora em troca da promessa de liberdade. Ela é, ao mesmo tempo, agressora e vítima, e sua transformação reflete o tema recorrente do filme: como a opressão pode corromper até os mais vulneráveis.
Thitiya Jirapornsilp, como Ing, conduz o espectador pela jornada de medo e resistência. Sua conexão com o espírito guardião — inspirado no folclore tailandês, que associa certas entidades femininas à proteção e à vingança — dá ao filme uma dimensão cultural importante. O sobrenatural, aqui, não é apenas uma fonte de susto, mas uma metáfora para o trauma e para o desejo de justiça.

A mitologia e o horror psicológico de Host
O roteiro utiliza elementos do folclore tailandês para construir um horror que transcende o fantasma em si. O “espírito madrinha” de Ing surge como uma manifestação da dor e do desejo de retribuição, mas também de sua ligação com o passado. O mito se mistura à realidade brutal do reformatório, criando uma narrativa sobre como a violência gera mais violência.
Visualmente, Hospedeira se destaca pela fotografia fria e pela ambientação isolada. O uso de pouca luz e o som mínimo reforçam a sensação de aprisionamento. A direção de arte transforma a escola em um labirinto de culpa e desespero, enquanto a ilha onde se passa a história funciona como metáfora do afastamento da civilização — um espaço onde regras morais deixam de existir.
Interpretações e impacto emocional
As atuações são um dos pontos fortes do longa. Thitiya Jirapornsilp interpreta Ing com fragilidade e determinação, enquanto Veerinsara Tungkitsuvanich traz complexidade à vilã Aim. A relação entre as duas reflete um ciclo de dominação e culpa, central para a mensagem do filme: monstros não nascem, são criados pelas circunstâncias.

O desfecho de Hospedeira é sombrio e simbólico. Quando Ing finalmente confronta o espírito e a diretora, o terror se transforma em catarse. O “protetor” que a acompanhava revela-se tanto uma bênção quanto uma maldição, representando a linha tênue entre salvação e destruição. A protagonista entende que, ao aceitar o poder do espírito, também absorve sua raiva e se torna parte daquilo que temia.
Crítica: vale à pena assistir Hospedeira (Host) no Prime Video?
Indo além do terror
Hospedeira é um drama sobrenatural que vai além do gênero de terror. O filme tailandês do Prime Video combina mitologia, crítica social e horror psicológico para refletir sobre abuso e vingança. Apesar de alguns sustos previsíveis, a força da história está na forma como mostra a deterioração da inocência e o ciclo da violência. No fim, o sobrenatural é apenas a superfície de um filme que fala sobre o que os humanos são capazes de fazer uns aos outros — e o preço cobrado quando a dor se transforma em poder.