Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania

Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania

Após dois filmes aparentemente despretensiosos, mas que escondiam algumas soluções para os imbróglios do MCU usadas em Vingadores: Ultimato, a franquia Homem-Formiga chega ao seu terceiro capítulo com Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, em que os espectadores finalmente têm a oportunidade de conhecer o tão mencionado Reino Quântico.

A trama do longa, como não podia deixar de ser, se encaixa dentro do grande planejamento da Marvel Studios, que consiste em pequenas histórias individuais simultâneas a narrativas a longo prazo, fechando assim uma grande saga – como foi o final do arco com Thanos, interpretado por Josh Brolin nos Últimos Vingadores. Sendo assim, a bola da vez é Kang, que após uma participação variante na série Loki da Disney+, chega com toda pompa no filme através do talentoso Jonathan Majors.

Dentro do escopo dos heróis, temos Scott Lang (Paul Rudd) tentando seguir sua vida sem atos de heroísmo após salvar o mundo como um membro dos Vingadores, numa espécie de autoajuda super-heróica (até livro ele lançou). No entanto, a frustração por ter perdido anos de convivência com sua filha Cassie (Kathryn Newton) acaba ecoando na relação entre eles, uma vez que a garota já é uma adolescente e ativista de diversas causas sociais. Cassie também possui um forte elo com Hank Pyn (Michael Douglas), tanto como família quanto como a tecnologia que o cientista desenvolveu e aprimorou ao longo de décadas. Cassie busca, enfim, um modo de ajudar a humanidade assim como Hope (Evangeline Lilly) faz conduzindo a empresa criada por Hank, seu pai.

O único porém dentro desse cenário todo é Janet (Michelle Pfeiffer), que nunca se abriu completamente sobre como foi a sua experiência no Reino Quântico, e quando Cassie consegue criar uma espécie de comunicação com o lugar, Janet se desespera e pede para que esse contato seja cessado. Isso gera um momento de tensão no qual acidentalmente todos os personagens citados vão parar no Reino Quântico.

O desafio então é sair do local com vida, mas para isso há a necessidade deles enfrentarem os inúmeros problemas que ali residem.

Mais é menos

Temos nesse filme um claro problema de ter muita gente pra pouco tempo. O roteiro de Jeff Loveness (através da direção de Peyton Reed) parece não querer se comprometer com um protagonista específico, mas a sinalização do contrário prejudica bastante o desenvolvimento dos seus personagens e, consequentemente, o resultado final. Há apenas fragmentos do que poderia ter sido um filme muito melhor acabado se tivéssemos o devido destaque à relação de Scott com Cassie ou com Hope, de Hope com sua mãe Janet e seu pai Hank, do que realmente rolou com Janet no Reino Quântico e como esse lugar serviu como uma espécie de prisão para o conquistador Kang, enfim… temos tudo isso dentro da trama? Sim, mas sem aquela polida que valeria algum elogio.

Não que o filme seja ruim, de fato. Cassie é uma personagem que consegue oferecer algum carisma, sem contar na possibilidade dela integrar alguma jovem superequipe que tanto se especula. As cenas de ação estão legais, e mesmo que não fujam do padrão dos filmes de ação/aventura, conseguem embalar bons momentos. As tão amadas e odiadas piadas da fórmula Marvel estão presentes, mas com um efeito de riso quase zero, o que é uma pena, pois se tem algo que eu esperava em Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania eram boas piadas.

Também joga contra a ambientação do Reino Quântico. Gosta de Star Wars? Então se prepare para ver uma cópia aqui. Não teria problema algum usar a saga criada por George Lucas como inspiração, afinal, o próprio Lucas se inspirou em diversos outros trabalhos para conceber sua galáxia distante. Mas como reagir quando tudo soa como algo que você já viu antes, mas sem oferecer nada substancialmente novo, ou ao menos um clichê com mais carisma? Esses fatores acabam banalizando demais a experiência.

 

 

O vilão Kang é um caso ainda a ser analisado. Se observarmos sua atuação isoladamente no filme, o resultado pode ser colocado junto com a gaveta de vilões esquecíveis da Marvel nos cinemas. Porém, o buraco do MCU é mais embaixo. Como esse texto não possui spoilers, vou apenas dizer que a participação do personagem é semelhante à da série Loki. Para longo prazo, há muito espaço para tornar o conquistador algo épico, mas ainda estou pagando para ver algo de maior qualidade em relação a Thanos.

Por fim, Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania é uma sessão que vale seu ingresso caso a expectativa não esteja muito alta. A diversão é garantida, e de quebra, você continua antenado às cartas que estão sendo dadas dentro do MCU. Ah, e não se esqueça que há duas cenas pós-créditos.