Quando o assunto é o Homem-Aranha, é fácil lembrar de suas aventuras através dos quadrinhos e dos filmes. Mas no limiar da estreia de Homem-Aranha: De Volta ao Lar, terceira encarnação do personagem no cinema nos últimos 15 anos, é válido abordar um pedaço importante de sua trajetória ao longo das décadas: as séries de TV. Para isso, precisamos voltar muito no tempo.
A primeira versão em carne e osso do Cabeça de Teia surgiu em em 1974, quando a Marvel liberou os direitos de imagem do personagem para a The Eletric Company. Diferente do que o nome sugere, era um programa educacional exibido no canal PBS. Assim nascia Spidey Super Stories, com toda uma abordagem lúdica para o público infantil e com Morgan Freeman como narrador. Um privilégio para poucos. Com os mesmos produtores da Vila Sésamo, a atração teve três temporadas.
Em 1978 a CBS, que já contava com as séries do Hulk (com Lou Ferrigno) e Mulher-Maravilha (com Lynda Carter), resolveu investir no Amigo da Vizinhança. Mas o resultado deixou Stan Lee de cabelo em pé. Estrelada por Nicholas Hammond, The Amazing Spider-Man desvirtuava todo o cerne do personagem. Peter Parker era um playboy babaca, sem o seu humor característico e com motivações rasas. Não existiam Mary Jane ou Gwen, o grande interesse romântico do personagem era Julie Masters (Ellen Bry). Sem falar em coreografias horríveis e vilões risíveis. Após 13 episódios a CBS optou por cancelar a atrocidade.
Parecia o sinal de um longo hiato nas tentativas de levar o Homem-Aranha para a TV. Parecia. Numa histórica parceria entre Marvel e Toei, o Supaidaman desembarcava no Japão. Seguindo a linha dos clássicos Tokusatsu da época, o jovem Takuya Yamashiro lutava contra monstros em pedreiras, fazia pose na hora de invocar seu uniforme, ganhava armas tecnológicas e etc. A origem do personagem ganha uma nova abordagem, com ovnis, aliens, um planeta chamado Spider e um exército galáctico liderado por um tirano.
Ah, o herói também contava com o auxílio de um “spider-buggy” furioso e uma nave espacial chamada Marveller (sacou?) que se transformava num robô gigante conhecido como Leopardon. Não era pra fazer sentido afinal de contas. Esse marco televisivo sepultou as versões live-action do Homem-Aranha na TV. Mas ainda existe muita história para contar.
Leia também: Homem-Aranha: De Volta ao Lar | Crítica
A primeira versão do Homem-Aranha para a TV foi no formato de animação. Em 1967, o estúdio canadense Gantray-Lawrance Animation colocou no ar o desenho Spider-Man. Com um investimento financeiro precário, o resultado não foi lá dos melhores e os roteiros eram mais infantis. Apesar disso, foi um sucesso para época. Durou 52 episódios antes de ser cancelada em 1970. Mas, diferente das versões em live action, outra animação demorou para ser produzida.
Em 1981 a Marvel lançou a primeira série do Homem-Aranha sem a parceria com outra produtora. O que ainda não era uma garantia de qualidade. Uma das curiosidades dessa versão era que o Duende Verde não era apenas um cara fantasiado, mas alguém com o poder de se transformar em um duende demoníaco. Os únicos 26 episódios da animação até passaram na tela da Globo.
Ainda no mesmo ano nascia Spider-Man and His Amazing Friends, uma espécie de continuação da última animação. Agora o Homem-Aranha vivia suas aventuras ao lado do Homem de Gelo e da Estrela de Fogo (criada exclusivamente para o desenho e que ficou conhecida por aqui como Flama). O grande destaque aqui foi a participação dos X-Men, numa rascunho da versão que seria apresentada na clássica série dos anos 90.
Em 1994 foi ao ar Spider-Man: The Animated Series, série animada que certamente marcou toda uma geração e é apontada como uma das melhores adaptações do personagem até hoje. Apesar de algumas censuras, o enredo dos episódios eram ótimos e a animação já se destacava para a época. A galeria de vilões do Cabeça de Teia foi explorada ao máximo, com participações marcantes do Lagarto, Escorpião, Doutor Octopus, Venom, Kraven, Duende Verde, Duende Macabro, Morbius e etc. Outros personagens famosos como Blade, Demolidor, Doutor Estranho e Justiceiro deram o ar da graça.
Foram 65 episódios no total, mas sem um final oficial. Uma curiosidade é que a música de abertura foi composta e tocada por Joe Perry, do Aerosmith. Uma tentativa de continuação foi feita com Spider-Man Unlimited, em 1999. Porém, o projeto não agradou o público e acabou sendo cancelado após 13 episódios. Surgia assim um tempo importante para refrescar as ideias.
Com o sucesso do Homem-Aranha de Sam Raimi, a Marvel resolveu lançar Spider-Man: The New Animated Series em 2003. A diferença aqui era a animação em CGI e a renderização em cell-shading. Mas nem a presença de Brian Michael Bendis impediu a série de ser cancelada após 13 episódios. Você deve se lembrar das intermináveis reprises exibidas pela Globo.
Em 2008, com Robert Downey Jr. debutando como Tony Stark, a Marvel lançou a segunda melhor animação do Homem-Aranha: Spectacular Spider-Man. Com roteiros de Greg Weisman e Victor Cook, e misturando elementos de HQ’s clássicas e até do Universo Ultimate, o desenho foi exibido nos EUA pelo The CW. Até os traços do ilustrador Sean Galloway buscavam homenagear o estilo de Steve Ditko.
Mas apesar de todas as inúmeras qualidades, a animação não escapou do fim prematuro. Foram duas temporadas e um total de 26 episódios. Como legado ficou aquela abertura chiclete que deve está tocando em sua cabeça nesse momento. A última incursão animada do aracnídeo foi em Ultimate Spider-Man de 2012.
Como o nome sugere, a inspiração é justamente a versão Ultimate do personagem que foi roteirizada por Brian Michael Bendis. A produção contava com os caras do Man of Action, criadores de um tal Ben 10, e Paul Dini, conhecido por seu envolvimento com He-Man e Batman: The Animated Series. Entre o time de dubladores estava Drake Bell e J.K. Simmons. Com 104 episódios, a série chegou ao fim em janeiro desse ano.
Como é possível perceber, a história do Homem-Aranha se estende pelos mais variados núcleos da cultura pop. Deixando marcas profundas em cada um deles. E para encerrar, fique com a melhor abertura que você vai ver hoje.