Hedda (2025) - Crítica, fatos e curiosidades do filme no Prime Video Hedda (2025) - Crítica, fatos e curiosidades do filme no Prime Video

Hedda (2025) | Crítica do Filme | Prime Video

A diretora Nia DaCosta apresenta em Hedda uma nova leitura para a peça Hedda Gabler, de Henrik Ibsen. Estrelado por Tessa Thompson, o longa estreia no Prime Video como uma releitura ousada e contemporânea do texto original de 1891, transportando o drama psicológico de Ibsen para um cenário vibrante, queer e esteticamente estilizado. Confira a nossa crítica do filme:

Uma Hedda entre o desejo e o controle

A história acompanha Hedda Gabler (Tessa Thompson), filha de um general e recém-casada com o acadêmico George Tesmand (Tom Bateman). O casal retorna de uma longa lua de mel endividado e depende da possível promoção de George na universidade. Para isso, Hedda organiza uma festa em sua mansão rural, reunindo colegas e figuras influentes. O que começa como uma tentativa de garantir estabilidade logo se transforma em uma noite caótica marcada por manipulações, segredos e tensões sexuais.

DaCosta mantém a essência da peça de Ibsen — uma mulher aprisionada por convenções sociais que tenta recuperar o controle sobre a própria vida —, mas injeta novos elementos. A diretora transforma o evento central em uma grande festa ambientada nos anos 1950, onde o jazz, as drogas e a ambiguidade dos desejos marcam cada gesto. A presença de Eileen Lovborg (Nina Hoss), antiga amante de Hedda e agora concorrente de seu marido por uma vaga na universidade, acende o estopim para a manipulação que domina a trama.

Estilo visual e direção

A fotografia de Sean Bobbitt e o design de produção remetem à opulência decadente de uma época em transformação. Embora algumas escolhas de enquadramento e edição tornem certas passagens confusas, DaCosta demonstra firmeza ao capturar o colapso emocional da protagonista. A divisão do filme em cinco capítulos e o uso de cartelas indicam uma estrutura teatral, reforçando a origem literária da história.

A trilha sonora da vencedora do Oscar Hildur Guðnadóttir adiciona tensão constante, embora em alguns momentos soe excessiva, pontuando com vocalizações cada gesto de manipulação da protagonista. Em contrapartida, a sequência em que Hedda reencontra Eileen, filmada em um plano-sequência de dança que homenageia Spike Lee, é um dos pontos altos do longa e traduz visualmente a mistura de desejo e ressentimento entre as personagens.

Tessa Thompson como Hedda Gabler

Thompson constrói uma Hedda complexa, oscilando entre o charme e a destruição. Sua performance expressa uma mulher que domina o jogo social ao mesmo tempo em que é corroída por ele. A atriz adota um sotaque britânico rígido e uma postura que reflete o confinamento emocional da personagem. Nina Hoss, como Eileen, oferece um contraponto de vulnerabilidade e clareza, tornando o embate entre as duas o centro emocional da narrativa.

Hedda (2025) - Crítica, fatos e curiosidades do filme no Prime Video

Crítica: vale a pena assistir Hedda no Prime Video?

Um retrato de ambição e ruína

Hedda examina o poder feminino dentro de uma estrutura social que insiste em restringi-lo. A festa, com sua atmosfera sufocante, funciona como metáfora para o aprisionamento da protagonista, que usa o controle e a manipulação como armas contra o tédio e a impotência. Ao final, DaCosta altera sutilmente o desfecho clássico, reduzindo o impacto trágico, mas mantendo o espírito de destruição e desejo que permeia toda a obra.

Com ritmo irregular e escolhas visuais discutíveis, Hedda se sustenta pela força de suas interpretações e pela reinvenção estética de Nia DaCosta. O filme reafirma o interesse da diretora por personagens femininas em conflito com as estruturas que as oprimem — e coloca Tessa Thompson em um dos papéis mais intensos de sua carreira.

Hedda está disponível no Prime Video a partir de 29 de outubro de 2025, após sua estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Toronto.