Mestre do Kung Fu revisita a linha oriental da Marvel Comics em Guerras Secretas de forma digna
Em tempos onde o Punho de Ferro (prestes a ganhar uma série na Netflix) possui o monopólio das histórias da Marvel Comics quando o assunto é cultura oriental, Mestre do Kung Fu (tie-in do megaevento Guerras Secretas) resgata um pouco mais a fundo o passado da editora, trazendo personagens interessantes e pouco usados, além da velha mistura de conceitos habitual da saga. Tudo isso numa história com assinatura e de fácil consumo.
Criado por Criado por Steve Englehart e Jim Starlin, Shan-Chi (Mestre do Kung Fu) apareceu pela primeira vez no final de 1973 na revista Special Marvel Edition #15. Embalado pelo sucesso das artes marciais nos Estados Unidos na década de 1970, a revista obteve seu sucesso chegando na edição #125, já com título alterado para The Hands of Shang-Chi: Master of Kung Fu.
A trama acompanha Shang-Chi, um lutador de extrema habilidade em artes marciais que decidiu dedicar sua vida ao álcool. Mas ele precisará tentar enfrentar seus dilemas pessoais para restaurar a ordem em Kun lun, testando sua força num duelo até a morte com seu próprio pai durante o julgamento das Treze Câmaras.
É uma pena que o roteiro de Haden Blackman precise dedicar tanto tempo para estabelecer essa nova Kun Lun, assim como toda sua mitologia. Os quatro capítulos passam de forma muito rápida para o leitor, e Mestre do Kung Fu poderia ter alcançado sua plenitude estendendo um pouco mais o tal julgamento das Treze Câmaras.
Como supracitamos, não ter o Punho de Ferro como centro das atenções é um aspecto interessante dessa história, pois trabalha um personagem clássico e pouco lembrado que ganha força para ser conhecido pelas novas gerações. Ainda assim, a versão alternativa de Danny Rand em Guerras Secretas tem valoroso destaque no roteiro, mas sem roubar a cena. Isso se dá pela forma orgânica na qual é estabelecida a mitologia dessa nova Kun Lun, contada com muito cuidado desde os primórdios, onde é explicado o por quê das Treze Câmaras e como Zheng Zu (pai de Shang-Chi) se tornou imperador.
O mais próximo da saga principal de Guerras Secretas encontrado aqui é a mistura de conceito de alguns personagens pouco relevantes na trama, como ocorre com Namor, T’Challa, Karnac etc. Não há menções ao deus Destino ou qualquer questionamento ao Mundo Bélico como em A Saga de Korvac e Capitã Marvel. Nesse sentido, Mestre do Kung Fu acerta muito bem.
A história foi publicada no Brasil pela Panini na revista Guerras Secretas: Mestre do Kung Fu – Ed. 1 (Master of Kung Fu 1-4, revista especial, formato americano, 172 páginas, papel LWC, R$ 20,90, distribuição nacional). Junto a essa edição, está publicado o tie-in Corredores Fantasmas (leia nosso review aqui).