1872 traz com competência os personagens da Marvel Comics em Guerras Secretas para a ambientação Western
Dizer que determinada revista conta a história dos “Vingadores no velho oeste” pode parecer algo bizarro ou batido, mas a verdade é que 1872 funciona bem dentro do Mundo Bélico de Guerras Secretas, com uma proposta de divertir sem usar alguns chavões dos filmes western antigos.
A narrativa começa com Ben Urich, um jornalista traumatizado de Timely (clara homenagem ao nome da empresa antecessora da Marvel Comics), uma pequena cidade do Vale do Destino (fragmento geográfico do Mundo Bélico). Steven Rogers é o xerife lutando constantemente para prevalecer sua autoridade frente a tirania de Wilson Fisk e as arbitrariedades do governador Roxxon, que desviou o rio da região para suas minas de prata, deixando dessa forma na miséria toda a comunidade indígena.
É justamente na tentativa de dinamitar a represa que um desses índios desencadeia os acontecimentos da trama, onde Rogers entrará em conflito direto não apenas com Fisk e seus capangas, mas também com o governador Roxxon que tratará de conseguir gente de peso para eliminá-lo. Como desgraça pouca é bobagem, amigos do xerife como Stark preferem dedicar a maior parte do tempo para fins etílicos.
O alcoolismo de Tony Stark é muito bem adaptado para esse passado alternativo ambientado no Mundo Bélico de Guerras Secretas, dando uma interessante curva dramática ao personagem, com direito a tão sonhada redenção no desenrolar da trama e o mesmo acontece com Natasha (viúva do deputado Barnes). O texto de Gerry Duggan trabalha muito bem no intuito de tornar Timely um lugar orgânico, cruel e violento ao mesmo tempo que uma onda de revolta está em crescimento com o protesto das mulheres por direitos e igualdade lideradas (obviamente) por Carol Danvers.
“Você não devia ter posto um alvo na testa”
Os vilões foram elaborados com bastante criatividade por mais que se resumam em versões (às vezes steampunk) de personagens já existentes no catálogo da Marvel Comics. Além do já citados, há Elektra, Mercenário e Octopus. O desprendimento com a vida de personagens capitais não impede, entretanto, de tornar a história um verdadeiro western de ação com boa dose de humor. Mesmo sabendo que não há uma certeza de continuidade da trama por se tratar de um tie-in de Guerras Secretas, algumas origens são explicadas de forma bem coerente, como o surgimento do Homem-Aranha. O saldo no final é positivo, principalmente se levarmos em conta novos personagens com potencial de continuidade como Lobo Vermelho.
No Brasil, a história foi publicada recentemente pela Panini em Guerras Secretas: Zonas de Guerras – Ed. 01 (1872 1-5, Where Monsters Dwell 1-5, Publicação avulsa, formato 17 x 26 cm, 200+4 páginas, lombada quadrada, capa couché, miolo lwc, R$ 23,90, distribuição nacional).