Nova série original Netflix, Girlboss começa tímida, mas consegue fazer a lição de casa
Está difícil acompanhar tantos lançamentos Netflix. A rede de streaming ampliou imensamente eu investimento em conteúdo original, e o resultado disso são muito mais séries e filmes dedicados a públicos específicos. Criada por Kay Cannon (A Escolha Perfeita) Girlboss é a bola da vez, trazendo pautas como empoderamento feminino, superação, empreendedorismo e uma geração longe de ser compreendida.
A trama se inspira livremente na história de Sophia Amoruso, que criou do nada a Nasty Gal, e-commerce de roupas e acessórios conhecido mundialmente pelas fashionistas. a partir daí também surgiu o livro best-seller #GIRLBOSS, que ajudou a popularizar ainda mais a história de Amoruso. Na série, acompanhamos a protagonista nessa saga, desde o começo vendendo suas peças pelo eBay.
A narrativa vai mostrando a vida e rotina de Sophia (Britt Robertson) de forma gradativa. Enquanto ela amadurece como pessoa e lida com novos amigos e figuras da família, seu negócio também se expande, onde ela precisa superar de alguma forma as adversidades comerciais. A série constrói muito bem esse paralelo onde o negócio, que em teoria deve prover a independência e felicidade da protagonista, é um reflexo direto da vida pessoal. Para uma trama que aparentava contemplar mais o lado comédia (satirizando a geração millenial, personificada na figura de Sophia), Girlboss ruma para um lado dramático mas sem perder o humor (evitando comparações diretas com outros programas, como 2 Broke Girls).
Com 13 episódios disponíveis, não há muita pressa para resolver todos os problemas de Sophia de uma vez. Sendo assim, no começo há aqueles dedicados à amizade entre Annie (Ellie Reed) e a protagonista, o relacionamento com Shane (Johnny Simmons) e a descoberta de pessoas que são contra o modelo de negócios da Nasty Gal, encabeçada por Gail (Melanie Lynskey, muito bem no papel).
Um grande diferencial de Girlboss é a ambientação, que se dá por volta da metade da primeira década dos anos 2000, onde ainda não tínhamos o Facebook de forma massiva, mas sim outras plataformas digitais como MySpace. De certa forma, Girlboss consegue transmitir a sensação recorrente de que a tecnologia de hoje estará obsoleto em muito pouco tempo. A escolha de músicas como I Predict a Riot (Kaise Chiefs) é outro retrato desse recente (porém obsoleto) passado.
Girlboss tem muita lenha a ser queimada, uma vez que conseguiu colocar personagens carismáticos na trama sem desgastá-los demais. Um ótimo exemplo é Nathan (Cole Escola), um rapaz todo indeciso em relação ao que quer com a “arte”, como se isso fosse algo palatável. As cenas de Sophia com ele e sua mãe são muito divertidas, e com o devido respiro entre uma aparição e outra. Isso se estende a todo o casting da série, que deve ganhar sua merecida renovação em breve.