Game shows são a melhor forma de entretenimento na TV — pelo menos pra mim, desde criancinha. Eu assistiria um Qual é a Música ao invés de qualquer desenho genérico da TV Globinho sem nem pensar. Além de mostrar que eu sou uma criança esquisita, esse fato mostra o poder que esses programas tem na nossa diversão audiovisual. Game shows cumprem dois papeis: não só devem ser jogos interessantes de serem jogados (pelos jogadores e pelos espectadores), mas também devem ser divertidos de serem assistidos. Depois de tantos anos, finalmente chegamos ao pináculo desse formato televisivo: Game Changer é o melhor game show já feito na história.
A magia da incerteza em Game Changer
Diferente de vários outros formatos consagrados da TV, Game Changer tem uma única proposta: os jogadores começam cada episódio sem saber quais são as regras do jogo. Ah, claro, elas também mudam em cada episódio. Ao invés de regras meticulosamente pensadas para agradarem um público específico, Game Changer é mais uma antologia de conceitos malucos e maravilhosamente executados. As vezes os pontos nem importam tanto assim, as vezes os jogadores estão unidos para vencer um desafio em comum. Até mesmo quem está assistindo fica se perguntando até onde vai mais uma ideia maluca da mente de Sam Reich.
Quando eu falo que as ideias são malucas, eu falo de conceitos que provavelmente nunca funcionariam como um programa só, mas funcionam por um episódio e tornam-se maravilhosos. Que tal trazer uma estranha máquina detectora de mentiras para confrontar as respostas dos jogadores? Um jogo onde a única pergunta é “Sim ou Não”? Um amigo secreto que você pode roubar os presentes dos outros (que podem ser punições também)? Ou talvez um musical 100% improvisado na hora? Se não gosta de musicais, você pode ter uma peça de Shakespeare 100% improvisada na hora! Ok, você devia gostar de musicais, porque o episódio de musical é incrível. Taí o começo dele pra você assistir.
Mais importante que os pontos
Nas palavras de seu próprio criador em uma entrevista ao site Polygon, Game Changer é definido como uma mistura de “game show, quebra-cabeça e pegadinhas”, mas eu, particularmente, acho que ele consegue ser mais que isso. Boa parte do elenco que aparece, principalmente nas primeiras temporadas, eram pessoas que trabalhavam no CollegeHumor, um canal de YouTube muito famoso nos anos 2010 que praticamente faliu. Mas a amizade continua ali e o jogo, em todas as nuances que ele tem, permite ver momentos muito bonitos de pessoas se divertindo juntas, o que torna a comédia e o entretenimento ainda melhor.
Sabe, eles poderiam só ter feito uma releitura do The Bachelor, o famoso programa de namoro da TV americana, com umas piadas baratas e “olha só fizemos uma paródia”. Mas eles fizeram de verdade! Chamaram um membro do elenco, chamaram seus melhores amigos, convidaram várias pessoas de verdade para encontros, chamaram até a mãe do cara pra ajudar, sabe? Além da ideia de fazer algo divertido, dá pra ver como existe uma preocupação real de fazer as pessoas se sentirem confortáveis e acolhidas. Ou talvez deixar as pessoas completamente malucas, também.
Pra quem gosta de game shows como eu, Game Changer não é só uma das melhores coisas já feitas, mas talvez o melhor uso do formato até hoje. Mas se você só gosta de comédia, musicais, vergonha alheia ou surpresas a cada episódio, ela também é uma série pra você. Afinal de contas, o game muda todo show, mas as risadas continuam sempre em alta. Você pode assistir Game Changer diretamente pelo Dropout ou, numa opção mais em conta para nós brasileirinhos, virando membro do canal do CollegeHumor no YouTube.