Furioza 2 (2025), sequência direta do sucesso polonês Furioza (2022), leva o espectador de volta ao submundo violento das gangues de hooligans, mas agora sob uma nova perspectiva. O filme, lançado globalmente pela Netflix, centra sua narrativa em Golden (Mateusz Damiecki), ex-executor da gangue Furioza, que assume o controle do grupo após o assassinato de Kaszub — um crime cuja culpa e consequências o perseguem até o último minuto. Confira a crítica do filme polonês:
O novo protagonista e a reconstrução do caos de Furioza 2
Diferente do primeiro longa, centrado em Dawid, Furioza 2 acompanha o declínio moral e psicológico de Golden, agora o novo líder. O roteiro mergulha nas semanas seguintes ao assassinato de Kaszub, revelando aos poucos que o próprio Golden foi o responsável pela morte de seu mentor, manipulando o plano de Dima, um traficante interessado em abrir caminho para o contrabando de drogas na Polônia. A decisão, motivada pela ambição de poder e riqueza, se transforma em um peso insuportável.
Assombrado por alucinações e pela lembrança de Kaszub, Golden tenta expandir o império Furioza até a Irlanda, onde passa a negociar com gangues locais e até com membros do IRA. A trama equilibra ação e introspecção, mostrando o protagonista afundando em dilemas de lealdade e culpa enquanto tenta manter o controle da organização.
Violência e ambição sem glamour
A direção de Cyprian T. Olencki mantém o tom sombrio, com uma estética fria e crua. A fotografia transita entre ruas chuvosas e interiores sombrios, criando uma atmosfera que reflete o colapso moral do protagonista. O filme evita romantizar a violência: os confrontos são secos, diretos, e cada cena reforça a natureza destrutiva da ambição de Golden.
A atuação de Mateusz Damiecki é o núcleo emocional da produção. Seu desempenho revela um homem dividido entre a culpa e o desejo de redenção, especialmente nas cenas em que enfrenta as consequências de suas escolhas. Ao redor dele, os coadjuvantes — como Mrowka, rival e eventual aliado, e os capangas Olo e Bula — compõem um mosaico de traições e sobrevivência.
O colapso e a busca pela redenção
O terceiro ato se concentra na queda definitiva de Golden. Após ser traído por aliados e descoberto pela própria gangue, ele tenta um último gesto de remissão ao doar todo o dinheiro acumulado e seu carro de luxo à viúva e à filha de Kaszub. A tentativa de compensar o passado, porém, não o salva.
O final é trágico: Golden é espancado até a morte pelos antigos companheiros, numa sequência que simboliza a impossibilidade de fugir das próprias ações. Em seus momentos finais, o personagem imagina pular nas águas calmas do mar, uma metáfora visual para sua libertação da culpa — alcançada apenas através da morte.
Crítica: Furioza 2 é uma boa continuação?
Vale à pena assistir o filme na Netflix?
Furioza 2 mantém a intensidade do primeiro filme, mas adota uma abordagem mais psicológica. A narrativa se transforma em um estudo sobre a autodestruição e o peso da traição, sustentada por atuações sólidas e uma atmosfera densa. Apesar de alguns excessos narrativos e ritmo irregular, o longa reforça a força do cinema policial polonês contemporâneo, explorando com precisão a fronteira entre lealdade, ambição e redenção.