A fúria de Grodd em The Flash

Não é segredo para ninguém que o Flash possui inimigos, digamos, singulares. Entre as pedras no sapato do Velocista Escarlate, o Gorila Grodd é um dos que mais se destaca. Criado por John Broome e Carmine Infantino, ele já apronta das suas desde o final dos anos 50.

E foi justamente Grodd o escolhido para abalar as estruturas de The Flash no especial de 2 episódios da terceira temporada. Mas apesar de uma baita ideia divertida, a execução não foi lá das melhores. Algo constante no atual momento das aventuras de Barry Allen. O gorila com poderes telecinéticos não casa com o filtro “realista” que a série resolveu adotar após a primeira temporada.

Enquanto Oliver Queen vai se desvencilhando, na media do possível, desse efeito “depressivo” e adotando uma postura otimista, Barry se afunda cada vez mais nessa questão. Ainda que existam elementos retirados diretamente das HQ’s, como a Cidade Gorila e Solovar, falta o senso de diversão do material original. O orçamento limitado não afetou tanto, mas algumas preguiças do roteiro sim.

Grodd sempre representou uma ameça desde que surgiu na série, algo que foi aumentando após cada batalha e evolução. Mas foi vítima da eterna sina do vilão velocista, representado aqui por Savitar. Tudo gira em torno da tentativa de mudar o futuro e salvar Iris. O gorila, inclusive, era um desses obstáculos. Uma invasão de símios super inteligentes poderia quebrar essa corrente, mas faltou coragem.

Porém, nem tudo é motivo de reclamação. A dose dupla de Tom Cavanagh serviu para mostrar porque ele ainda é uma das melhores coisas da série. H.R. Wells ainda parece um pouco perdido em determinadas situações, mas possui carisma. Sua interação com Harrison Wells da Terra-2 foi curta, mas divertida. Resta saber se veremos mais disso, já que uma aura escura cerca o Doutor. Já que ninguém consegue alterar os rumos do futuro, em breve saberemos o que ele estava fazendo na cena da morte de Iris. E se era ele realmente.

A equipe agora conta com uma nova velocista: Jesse Quick (Violett Beane), que assumiu de vez seu romance com Wally West (Keiynan Lonsdale) e se mudou para a Terra-1. Mesmo que a temporada esteja na reta final, seria interessante vê-la sair da sombra dos heróis e mostrar seu talento. Com Savitar atormentando o Kid Flash, pode surgir uma boa oportunidade.

O restante da equipe segue na mesma pegada, sem nenhum grande salto. Caitlin ainda luta contra o fantasma da Nevasca, enquanto vai se entendendo com Julian. Seria decepcionante vê-la entrar em outro relacionamento trágico, mas é inegável que o personagem de Tom Felton precisa de um rumo.

The Flash precisa parar de apostar suas fichas em discursos ensaiados sobre moral e heroísmo e investir mais naquilo que foi seu DNA no primeiro ano. Claro, toda série evolui. Mas fica a esperança que percebam que não adianta correr rápido para chegar em lugar nenhum.