Fuga Fatal (She Rides Shotgun), dirigido por Nick Rowland e estrelado por Taron Egerton, adapta o romance de estreia de Jordan Harper, conhecido pelo estilo conciso e direto associado ao noir contemporâneo. O filme (disponível para assistir no Prime Video) busca transportar para o audiovisual a cadência das frases curtas e o ritmo pulsante característico do autor, que dialoga mais com Raymond Chandler e Donald Westlake do que com influências clássicas como Hemingway. Confira a crítica do filme:
A trama acompanha Nate McCluskey, ex-presidiário que se vê obrigado a fugir com a filha de 11 anos, Polly, após entrar em conflito com a gangue supremacista Aryan Steel. A adaptação, roteirizada por Harper ao lado de Ben Collins e Luke Piotrowski, tenta preservar a união de violência, humor e vínculo afetivo presente no livro. O resultado apresenta altos e baixos, mas entrega um retrato sólido dessa relação forjada sob pressão.
A jornada de Nate e Polly em Fuga Fatal (She Rides Shotgun)
O longa inicia quando Nate aparece na porta da escola da filha dirigindo um carro roubado, exigindo que ela entre sem explicações. Polly, interpretada por Ana Sophia Heger, não vê o pai há anos e desconhece os motivos da fuga, o estado do carro e o paradeiro da mãe. Aos poucos, o roteiro revela que Nate se envolveu em conflitos internos na prisão e que sua família foi colocada na mira de criminosos tanto dentro quanto fora do sistema policial.
Para se manterem vivos, Nate e Polly precisam mudar aparências, escapar de cidades pequenas e manter distância de autoridades locais, muitas delas envolvidas com o grupo criminoso. A dinâmica entre os dois se desenvolve de forma gradual, sem reforçar estereótipos de “criança prodígio” ou de pai arrependido. O filme reserva momentos de intimidade silenciosa, como a cena em que calculam gastos de combustível e estadia em uma lanchonete. São instantes que ajudam a construir o elo central da história.
A investigação paralela de John Park
Paralelamente, o detetive John Park, vivido por Rob Yang, conduz uma investigação contra um grande laboratório de metanfetamina. Quando Polly consegue pedir ajuda à polícia, Park entra no caso e passa a acompanhar a movimentação de Nate e da gangue Aryan Steel. O personagem funciona como contraponto ao estado de corrupção que domina o território — algo explicitado nas falas de policiais que afirmam que “o aço está em todo lugar”.
A presença de Park amplia o escopo narrativo e conecta o drama familiar à realidade estrutural da região. Embora o filme não desenvolva profundamente sua vida pessoal, Yang entrega um retrato firme de um detetive determinado, envolvido em um sistema que ameaça engolir tudo ao redor.
Visual, atmosfera e limitações
A direção de Rowland aposta em paisagens abertas, estradas longas e luz natural para criar atmosfera seca. Locais como a “capela dos caminhoneiros” e o quarto de motel com murais de ondas compõem o desenho de produção e reforçam o aspecto de deslocamento constante da dupla protagonista.
O filme perde parte do ritmo ao se aproximar do clímax, quando a ação ganha protagonismo e limita o desenvolvimento emocional dos personagens. Ainda assim, a cena final entrega uma síntese eficaz da relação entre Nate e Polly, evidenciando o impacto emocional da jornada.
Crítica de Fuga Fatal: vale à pena assistir ao filme no Prime Video?
Fuga Fatal encontra força na química entre Taron Egerton e Ana Sophia Heger, na construção do vínculo entre pai e filha e na atmosfera noir atualizada para o streaming. Apesar das irregularidades no terceiro ato, o longa oferece uma adaptação consistente do romance de Jordan Harper e reforça o interesse do Prime Video por produções policiais intensas e focadas em personagens.