A franquia “Five Nights at Freddy’s” (FNAF) é um fenômeno mundial, para dizer o mínimo, com fãs em todos os cantos possíveis, que conquistou crianças, adolescentes e adultos, ávidos pela lore envolvente e cheia de teorias da conspiração e pela jogabilidade de terror e muitos, mas muitos jump scares. Com mais de 10 jogos, sem incluir os spin-offs, coleções de livros e materiais extras, agora a história possui um filme para chamar de seu.
FNAF é tão famoso, que o filme, que adapta esse universo gigantesco, estreou muito bem nas bilheterias, sendo a maior abertura para um longa de terror deste ano. Só no seu primeiro final de semana, chegou a US$ 130,6 milhões nos cinemas do mundo todo, mesmo com uma parte da crítica detonando negativamente a produção cinematográfica.
“Five Nights at Freddy’s: O Pesadelo sem Fim” traz a história de Mike (Josh Hutcherson), que mora sozinho com a sua irmãzinha, Abby, após o falecimento da mãe de ambos. O rapaz, desesperado, pois não consegue parar em um emprego, acaba aceitando a vaga de segurança noturno de uma pizzaria que fechou há anos, a Freddy Fazbear’s Pizza, onde animais animatrônicos costumavam entreter crianças. Ele não tinha como saber que aquela seria a pior decisão da sua vida, e com a ajuda da policial Vanessa (Elizabeth Lail), vai ter que encarar momentos pavorosos para salvar sua irmãzinha e escapar com vida.
Nos jogos da franquia, você é o guarda-noturno dessa pizzaria, que precisa sobreviver, noite após noite, aos animatrônicos, que se tornam malignos à noite. A premissa do filme é bem parecida. Mike é o guarda-noturno e, junto com ele, vamos montando um quebra-cabeças para entender o que está acontecendo. Algo terrível aconteceu na pizzaria, e já sabemos disso desde a primeira cena que nos mostra que algo está errado com o lugar. Para mim, funcionou muito bem, porque nos põe tensos quando o protagonista aceita o emprego, sem saber o que esperar.
Aliás, o filme funciona muito mais para quem é fã pela grande quantidade de fan service, easter-eggs e coisas do gênero. Assistir em uma sala lotada de fanáticos pela franquia é uma experiência interessante, com gritos de “Eu sabia!” ou “O que?” e “Não acredito que colocaram personagem X!”. A minha sessão terminou com uma chuva de aplausos, o que indica que a adaptação agradou ao público fiel.
A história é bem interessante e consegue ser envolvente em alguns pontos, embora um pouco mal conduzida para quem não conhece a franquia, se preocupando um pouco mais em agradar essa galera que já sabe de tudo. O roteiro mesmo, para quem não é fã, fica um pouco aquém se parar para pensar muito nele. Por exemplo, “Five Nights at Freddy’s: O Pesadelo sem Fim” gasta muito tempo explorando o trauma de infância de Mike, que, embora motive grande parte de suas ações, poderia ter sido abordado de forma mais concisa para permitir um desenvolvimento mais completo de outros aspectos essenciais para a trama.
O terror no filme é muito parecido ao dos jogos, cheio de jump scares – alguns funcionam, outros não – e insinuações gráficas de mortes. Insinuações porque, claramente, não podiam mostrar cenas explícitas de violência para manter uma classificação adequada que permita que os fãs mais jovens aproveitem o filme. Talvez o longa tivesse ganhado mais se o roteiro tivesse explorado outros aspectos do jogo, como a experiência claustrofóbica de sobreviver aos animatrônicos em um espaço confinado.
Ainda assim, a direção de “Five Nights at Freddy’s: O Pesadelo sem Fim” consegue mostrar o máximo que pode das situações de perigo, utilizando sombras, reflexos, gritos de desespero, barulhos bem claros de que alguém está sendo morto. A minha cena favorita é do personagem Cupcake com a cara de um personagem secundário. Bom demais.
Um dos maiores pontos positivos aqui é o fato dos animatrônicos não serem de CGI, deixando-os muito mais assustadores, pois são criaturas enormes. A movimentação pesada deles do dia a dia se torna algo rápido e perigoso quando o lado malvado deles é ativado à noite, o que é uma grata surpresa e dá aquela sensação de urgência quando alguém está sendo perseguido. Uma fuga veloz é quase impossível em “Five Nights at Freddy’s”. A equipe responsável pelos bonecos fazem parte do Jim Henson’s Creature Shop, empresa conhecida por ter criado personagens da “Família Dinossauro” e “Muppets”, por exemplo.
As atuações estão boas, com Josh Hutcherson (franquia “Jogos Vorazes”) convencendo e Elizabeth Lail (“Once Upon a Time”) se saindo bem como a enigmática policial. Além de Matthew Lillard, o Salsicha nos filmes do “Scooby-Doo”, e uma criança loira que tem cara de psicopata. A ambientação cumpre seu papel de criar contraste entre o ambiente originalmente destinado à diversão e o terror noturno causado pelos animatrônicos fofinhos (dependendo da perspectiva).
É importante mencionar que o filme pode não ser apropriado para todas as idades, sendo mais adequado para um público mais jovem, especialmente para fãs que já estão familiarizados com a franquia. Aqueles que não têm conhecimento prévio de FNAF podem se sentir confusos, pois o filme parece pressupor algum grau de conhecimento do universo da série.
No fim do dia, o saldo do filme “Five Nights at Freddy’s: O Pesadelo sem Fim” é mais positivo do que negativo, desde que você não esteja esperando um terrorzão ou uma narrativa impactante. No frigir dos ovos, ele é um bom longa, mas não vai passar disso – para quem não é fã, ao menos.
A trama encerra com um cliffhanger que sugere a possibilidade de uma continuação. Com o sucesso nas bilheteiras, isso não é de se surpreender.