Disponível no Apple TV+, Finch, dirigido por Miguel Sapochnik e estrelado por Tom Hanks, é um drama de ficção científica ambientado em um futuro pós-apocalíptico. O longa se passa após uma grande erupção solar destruir a camada de ozônio, deixando a Terra inabitável durante o dia e forçando os poucos sobreviventes a viver sob condições extremas. Nesse cenário desolado, Sapochnik constrói uma narrativa intimista sobre solidão, afeto e o que realmente define a humanidade. Confira a crítica do filme:
Finch: o último homem e seu legado
Tom Hanks interpreta Finch Weinberg, um engenheiro de robótica que vive isolado há anos em um abrigo subterrâneo. Sua única companhia é o cachorro Goodyear e um pequeno robô assistente chamado Dewey. Com a saúde em declínio por causa da exposição à radiação, Finch percebe que em breve deixará de existir e decide criar uma nova máquina capaz de cuidar do animal após sua morte.
Surge então Jeff (vivido em captura de movimento por Caleb Landry Jones), um robô de aparência desengonçada que começa a aprender a viver sob a orientação de Finch. A relação entre os três — homem, robô e cão — torna-se o centro da história. A partir dela, o filme aborda temas como lealdade, aprendizado e herança emocional em meio ao colapso da civilização.
Um drama de sobrevivência e aprendizado
Quando uma tempestade de poeira ameaça destruir o abrigo, o trio parte em uma viagem em direção à costa oeste dos Estados Unidos. O percurso serve de pano de fundo para o amadurecimento de Jeff, que aos poucos desenvolve empatia e compreensão sobre o que significa proteger e cuidar de outro ser vivo. Essa jornada física e emocional ecoa a tradição dos road movies e também a solidão de Náufrago, papel que consagrou Hanks duas décadas antes.
Apesar das semelhanças com obras como Eu Sou a Lenda, Wall-E e O Gigante de Ferro, Finch busca seu próprio tom ao equilibrar momentos de leveza e introspecção. Sapochnik, conhecido por dirigir episódios marcantes de Game of Thrones, aposta em um ritmo calmo, permitindo que o espectador se conecte à relação entre os personagens.
O impacto emocional e o olhar de Tom Hanks
A performance de Tom Hanks sustenta o filme. Ele entrega nuances de cansaço, esperança e humor em uma história quase sem elenco de apoio. O ator conduz o público por uma trama que, embora previsível, ganha força na simplicidade e no vínculo afetivo que se forma entre as criaturas que restaram.
Visualmente, o longa exibe um mundo devastado, com fotografia que alterna tons alaranjados e azulados, reforçando o contraste entre a aridez do ambiente e a ternura das relações. O robô Jeff, criado com efeitos digitais precisos, torna-se o elemento mais expressivo da produção, representando a continuidade da humanidade em um corpo mecânico.
Crítica de Finch: vale à pena assistir ao filme no AppleTV+?
Finch é uma reflexão sobre a importância da empatia em tempos de desolação. Ao narrar a tentativa de um homem de garantir um futuro para seu companheiro, o filme transforma a ficção científica em uma parábola sobre afeto e legado. Mesmo sem oferecer grandes surpresas, a produção se destaca como um retrato sensível do instinto de proteger e ensinar — um gesto que, no fim das contas, é o que nos torna humanos.